Técnica de edição gênica in vivo corrige variante mais comum da fenilcetonúria

Por Docmedia

24 novembro 2023

A fenilcetonúria (PKU) é uma doença genética autossômica recessiva causada pela perda ou redução importante da atividade da enzima hepática fenilalanina hidroxilase. Em função disso, seus portadores não conseguem metabolizar o aminoácido fenilalanina em tirosina, ocasionando seu acúmulo no organismo e lesões neurológicas como déficit intelectual e convulsões. O tratamento atual é perpétuo e exige grande adesão visando manter os níveis de fenilalanina entre 120-360 umol/L.

A novidade é que pesquisadores da Escola de Medicina Perelman da Universidade da Pensilvânia anunciaram bons resultados utilizando uma técnica de edição gênica para combater a doença. A publicação do grupo no American Journal of Human Genetics conta que foi utilizada uma técnica CRISP de edição primária para corrigir a variante genética c.1222C>T, a variante genética mais comumente responsável pela fenilcetonúria.

A edição primária é um método muitas vezes comparado a um processador de texto, que permite que mudanças precisas sejam feitas no DNA, reescrevendo sequências genéticas específicas. Usando dados de 129 indivíduos com fenilcetonúria, os investigadores revelaram que aqueles com a variante genética específica c.1222C>T no gene da fenilalanina hidroxilase (PAH) tinham um controle muito fraco sobre a sua condição metabólica.

Inicialmente, a equipe conduziu experimentos em células hepáticas humanas com a variante c.1222C>T e provou com sucesso a eficácia deste método de edição primária, potencialmente abrindo caminho para intervenções terapêuticas. Em outro experimento, um modelo murino de fenilcetonúria também portando o gene c.1222C>T foi utilizado.

A equipe conseguiu com sucesso a edição e correção do gene defeituoso e isso resultou a uma queda substancial nos níveis séricos de fenilalanina dos animais, com todos os camundongos tratados passando a exibirem níveis menores que o limite de 360 umol/L.

Merece ser ressaltado que toda essa melhora foi obtida sem que a função hepática dos roedores sofresse qualquer tipo evidente de prejuízo. Em ambos os casos a entrega do editor gênico foi feita por meio de vetores virais adeno-associados (AAV).

Com tais resultados, embora ressaltem a necessidade de mais estudos, os pesquisadores afirmam acreditar que o trabalho sustenta a viabilidade da edição gênica para corrigir de forma permanente a variante genética mais comum responsável pela doença.

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Fonte: https://www.cell.com/ajhg/fulltext/S0002-9297(23)00358-0

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