Há muito tempo, a pesquisa biomédica convive com o dogma que ensina ser o fenótipo o resultado da interação entre genes e fatores ambientais. Entretanto, evidências relevantes também persistem sugerindo uma dimensão adicional para explicar diversidade comprovadamente não genética ou ambiental.
Uma sequência recente desse trabalho, levada a termo por pesquisadores do Van Andel Institute, terminou por revelar dois subtipos de obesidade com diferenças moleculares e fisiológicas que podem ter diferentes consequências para a saúde.
A publicação em Nature Metabolism lembra que sobrepeso e obesidade são definidos pelo índice de massa corporal (IMC). Segundo o estudo, isto seria um erro por não considerar diferenças biológicas que podem alterar o status de saúde de um indivíduo.
Visando uma abordagem mais precisa, os pesquisadores utilizaram dados do banco genético de gêmeos TwinsUK e experimentos em modelos murinos. O objetivo foi identificar os fatores que respondem pela variabilidade fenotípica fora genética e meio ambiente. Estima-se que o fenômeno possa alcançar até 50% de variação fenotípica inexplicável (VFI).
Em camundongos, os pesquisadores identificaram a proteína neuronatina (NNAT) como um fator conservado de proteção contra a ocorrência de VFI entre animais isogênicos. Por outro lado, a deficiência de NNAT em camundongos idênticos pode resultar em diferentes fenótipos corporais.
Mecanicamente, essas alterações foram mediadas por um supercrescimento dependente de insulina resultante de hiperproliferação de células beta pancreáticas dependente da enzima histona desacetilase (HDAC).
Curiosamente, a análise multidimensional da discordância entre gêmeos monozigóticos humanos revelou dois padrões de VFI, sendo um deles uma cópia do que foi verificado em roedores mediado pela NNAT. De forma ampla, o estudo identificou 4 subtipos metabólicos que influenciam a formação corporal, dois deles tendendo à magreza e dois ao sobrepeso-obesidade.
Quanto aos dois últimos, um subtipo de obesidade se caracteriza apenas por aumento de massa gorda, enquanto o segundo registra aumento tanto da massa gorda quanto da massa magra. Inesperadamente esse último também registra alta importante de atividade inflamatória associada a outras doenças.
Segundo os autores, tal conhecimento pode melhorar a compreensão e os tratamentos para obesidade.
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