Novo estudo promete aumentar a segurança e eficácia de importante tratamento contra o câncer

Por Docmedia

16 abril 2024

Alguns tratamentos contra o câncer afetam tanto as células cancerígenas quanto as células saudáveis. Esse fato pode limitar sua dosagem, eficácia e utilização caso a intensidade do dano às células saudáveis chegue a comprometer a função.

A novidade é que uma equipe de pesquisadores da Universidade de Genebra anunciou ter desvendado os mecanismos pelos quais um desses medicamentos anticâncer atua, o que pode abrir oportunidades para tornar o tratamento mais seguro e mais eficaz. A publicação do grupo na revista Nature conta que o foco do trabalho foram os medicamentos anticâncer conhecidos como inibidores PARP.

Esses medicamentos são utilizados principalmente em mulheres portadoras de cânceres de mama e ovários nos quais há mutação do gene BRCA. A relação entre PARP e BRCA é que as proteínas PARP detectam áreas de dano ao DNA, aderem ao local e produzem uma cadeia de açúcares que funciona como sinalização para atrair proteínas reparadoras de DNA.

Os genes BRCA (BRCA1 e BRCA2) codificam exatamente proteínas de reparo do DNA. Sua perda de função por mutações interfere nesse processo de reparo ao DNA e com isso promove a carcinogênese de mama e ovário.

Os inibidores PARP, por dedução, interferem com a sinalização para o reparo de DNA, o que se mostrou tóxico contra células em rápida proliferação, como é o caso do câncer. Infelizmente, o organismo possui outras células sadias cuja proliferação também é rápida, como as células hematopoiéticas. Isto significa que os inibidores PARP mostram toxicidade simultânea por células cancerígenas e células da medula, o que pode limitar sua utilização.

No estudo atual, os pesquisadores atuaram em colaboração com a FoRx Therapeutics para desvendar os mecanismos de ação dos inibidores PARP. Ao compararem dois inibidores PARP que se ligam a região de dano de DNA e produzem açúcares que recrutam as proteínas reparadoras, os pesquisadores descobriram a importância da força de ligação ao DNA. Foi visto que ambos os medicamentos foram igualmente tóxicos para as células cancerígenas. Entretanto, o inibidor PARP que se liga mais fracamente ao DNA foi menos tóxico para as células saudáveis.

Em resumo, os pesquisadores isolaram para os inibidores PARP um mecanismo de inibição enzimática (sinal de alerta para reparo ao DNA) que é suficiente para matar as células cancerígenas. Além disso, uma atividade de aprisionamento (ligação) que produz danos ao DNA que não poderão ser reparados pela ausência da função BRCA, resultando na morte tanto de células cancerígenas quanto saudáveis.

Segundo os autores, esse novo conhecimento direciona para o desenvolvimento de inibidores PARP mais seguros e eficientes ao promoverem a inibição enzimática sem promover a ligação ao DNA.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s41586-024-07217-2

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