No ano de 2013 a atriz americana Angelina Jolie chocou o mundo ao revelar que fez a retirada preventiva de ambas as glândulas mamárias como forma de evitar o desenvolvimento de câncer de mama. Em verdade, a atriz chamou a atenção para os genes BRCA1 e BRCA2, presentes em todos os seres humanos, mas cujas mutações com perda de função promovem maior risco de desenvolvimento de câncer mama e ovário.
Agora em 2024, a novidade é que um estudo de pesquisadores da Universidade de Cambridge fez uma descoberta que pode originar uma estratégia preventiva muito mais conservadora que a cirurgia baseada em medicamentos já existentes. A publicação do grupo na revista Nature Genetics conta que o grupo de pesquisa utilizou a técnica de sequenciamento de RNA de célula única para caracterizar um mapa celular da mama.
Amostras obtidas a partir de 55 mulheres saudáveis de diversas idades foram suficientes para que o grupo caracterizasse e catalogasse cerca de 800 mil células que podem estar presentes no tecido mamário em diferentes momentos da vida da mulher. A partir deste mapa, os pesquisadores realizaram uma descoberta inédita com a demonstração da presença precoce de células imunológicas disfuncionais no tecido mamário de mulheres saudáveis portadoras de mutações nos genes BRCA1 e BRCA2.
Habitualmente, esse tipo de célula imunológica no chamado estado de exaustão é encontrado apenas em tumores em estágio avançado. Em pacientes ainda saudáveis, esse tipo de descoberta abre espaço para a utilização profilática de medicamentos imunoterápicos de forma a recuperar a funcionalidade dessas células imunes e, quem sabe, prevenir de forma não tão invasiva o surgimento de tumores de mama com mutações BRCA.
Dada a existência de efeitos colaterais consideráveis nesse tipo de medicamento, os pesquisadores pretendem iniciar estudos em modelos murinos de tumores mamários BRCA de forma a determinar a viabilidade desse tipo de estratégia.
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