Proteína tóxica é identificada na base de duas doenças raras graves e absolutamente diferentes

Por Docmedia

3 maio 2023

O diagnóstico de distrofia muscular facioescapuloumeral (FSHD) tipo 2 significa que o paciente é portador de um distúrbio hereditário que evoluirá com fraqueza muscular progressiva. Já a arrinia é um é um distúrbio extremamente raro, mas grave, que impede o desenvolvimento de um nariz externo e dos bulbos e tratos olfativos.

Embora completamente diversas, sabe-se que ambas as doenças têm fundamento em mutações do gene SMCHD1. Até o momento, FSHD tinha sua patogenia mais esclarecida, com a morte das células musculares sendo resultado da produção de uma proteína tóxica.

Agora, pesquisadores do National Institutes of Health anunciaram que as duas doenças partilham o mesmo tipo de alteração. A publicação na revista Science Advances conta que já era sabido que na FSHD havia a superexpressão de uma proteína com efeitos tóxicos para as células musculares, a DUX4.

No estudo atual, modelos celulares foram desenvolvidos a partir de células doadas por portadores de FSHD e de arrinia. Essas células foram desenvolvidas em células placiformes cranianas, que são as células que dão origem aos órgãos sensoriais do corpo, como o nariz. Os pesquisadores descobriram que a adição ao modelo com mutação SMCHD1 de um agente modificador ambiental, como um vírus, pode ativar a expressão da proteína tóxica DUX4. Deste modo, foi sugerida não apenas um possível causa para a arrinia, como foi estabelecido um elo na patogenicidade das duas doenças, a DUX4.

Segundo os autores, as descobertas são importantes, mas criam uma série de outras perguntas a serem respondidas. Por exemplo, uma vez que DUX4 é responsável tanto pela morte das células musculares na FSHD como pela destruição das células placiformes, o que explica o nariz se formar normalmente na FSHD e os portadores de arrinia não desenvolverem distrofia muscular progressiva? Para responder a essas perguntas, o foco atual da equipe está em identificar as diferentes moléculas que atuam à jusante de DUX4 em cada uma das duas doenças.

Segundo os autores, o sucesso nesta fase do trabalho pode resultar no desenvolvimento de estratégias que permitam evitar a destruição das células musculares ou dos precursores do nariz, o que seria de vital importância para os portadores desses raros distúrbios.

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Fonte: https://www.science.org/doi/10.1126/sciadv.abq7744

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