Um grande avanço na compreensão da recidiva do câncer colorretal

Por Docmedia

9 janeiro 2023

O câncer colorretal (CCR) é a terceira neoplasia mais diagnosticada no mundo, com cerca de 2 milhões de novos casos por ano. Em grande parte das vezes, a doença é diagnosticada quando ainda se encontra clinicamente restrita ao intestino. Entretanto, semelhante da grande maioria dos cânceres, também no CCR as metástases à distância são a principal causa de morte e acomete 20 a 35% dos portadores.

A novidade é que pesquisadores do Instituto de Pesquisa em Biomedicina de Barcelona investiram na pouco estudada área da recidiva no CCR e fizeram descobertas com potencial para melhorar os números da doença. A publicação em Nature conta que o primeiro passo foi o desenvolvimento de um modelo de CCR murino com evolução semelhante ao do câncer humano.

Deste modo, foi constituído um grupo de animais com CCR nos quais, após a cirurgia de retirada do tumor primário, a recorrência se desenvolveu em órgãos distantes, notadamente o fígado. Paralelamente, o grupo desenvolveu uma técnica capaz de identificar e obter as chamadas células de alta recaída (HRCs) baseada no sequenciamento genético que indicou o gene de codificação da proteína de membrana epitelial 1 (Emp1) como característico dessas células.

A equipe conseguiu obter amostras tão pequenas como conjuntos com 3 ou 4 HRCs no fígado dos animais. Biologicamente, as HRCs foram caracterizadas como pouco proliferativas, não contribuindo para o crescimento do tumor primário, porém ostentando alta capacidade de desprendimento e migração para órgãos distantes. No passo seguinte, manipulação genética para excluir as HRCs do tumor primário foi o suficiente para proteger os camundongos contra a recidiva.

Outra descoberta importante foi que micrometástases ricas em HRC foram infiltradas com células T, mas tornaram-se progressivamente imunoexcluídas durante o crescimento. O tratamento com imunoterapia neoadjuvante eliminou as células metastáticas residuais e preveniu a recidiva dos camundongos após a cirurgia.

Segundo os autores, suas descobertas abrem caminho para o desenvolvimento de novas linhas de pesquisa em necessidades clínicas não atendidas na abordagem do CCR.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s41586-022-05402-9

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