Grande estudo questiona eficácia de colonoscopia na prevenção do câncer colorretal

Por Docmedia

17 fevereiro 2023

O câncer colorretal (CCR) é a neoplasia mais comumente diagnosticada no Brasil após os tumores de mama e próstata. A maioria dos CCR surge a partir de lesões polipoides no intestino, o que abre uma importante janela de prevenção e tratamento da doença. Até o momento, o método mais popular utilizado para essa triagem é a colonoscopia.

A novidade é um estudo comandado por pesquisadores da Universidade de Oslo sugerindo que a colonoscopia pode não ser tão eficaz para este fim como se pensava. A publicação no New England Journal of Medicine relata que um pensamento vigente é que a colonoscopia é capaz de prevenir 90% dos CCRs, ao passo que o método alternativo citologia de amostras fecais preveniria entre 20 a 30% dos CCRs. Para colocar esses números à prova, os pesquisadores recrutaram 95.000 participantes homens e mulheres com idade entre 55 e 64 anos de Noruega, Suécia, Polônia e Holanda.

Os participantes foram randomizados na proporção 2:1 para receberem os cuidados habituais ou esquema de prevenção incluindo colonoscopia de triagem. Os participantes foram acompanhados por 10 anos, com os desfechos primários sendo os riscos de câncer colorretal e morte relacionada e o desfecho secundário a morte por qualquer causa. Após a análise dos dados, descobriu-se que 259 casos de CCR foram diagnosticados no grupo da triagem colonoscópica em comparação com 622 casos no grupo de cuidados habituais.

Nas análises de intenção de triagem, o risco de câncer colorretal em 10 anos foi de 0,98% no grupo da colonoscopia e 1,20% no grupo de cuidados habituais, uma redução de risco de 18% (HR=0,82; IC=95%). Além de ter se mostrado bem menos eficaz que o suposto em comparação aos cuidados habituais que incluem citologia fecal, os resultados encontrados para os desfechos pesquisados também não foram impactantes.

O risco de morte por câncer CCR foi de 0,28% no grupo da colonoscopia e 0,31% no grupo de cuidados habituais (HR= 0,90; IC=95%). Já o risco de morte por qualquer causa foi de 11,03% no grupo da colonoscopia e 11,04% no grupo de cuidados habituais (HR=0,99; IC=95%).

Segundo os autores, o CCR apresenta uma mortalidade (3 em cada 1.000 no estudo), independentemente de ter sido oferecido o rastreamento colonoscópico, o que o torna menos eficaz do que se pensava e pode servir de norte para as autoridades projetarem diretrizes de saúde pública. Além disso, a coorte será acompanhada por mais anos para ver se os resultados se alteram.

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Fonte: https://www.nejm.org/doi/10.1056/NEJMoa2208375

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