Estudo identifica mecanismo subjacente ao desenvolvimento de câncer colorretal

Por Docmedia

8 maio 2023

No mundo, o câncer colorretal responde por 10% de todos os casos de câncer, com 1,9 milhão de casos anuais e mais de 900.000 mortes. A doença está associada ao processo de envelhecimento e a maus hábitos alimentares, mas os mecanismos fisiopatológicos que contribuem para o desenvolvimento do câncer colorretal não são bem definidos.

A novidade é que uma equipe composta por pesquisadores da Universidade de Ciências de Tóquio e colegas chineses da Universidade Sun Yatsen anunciou a identificação de um mecanismo subjacente à patogênese do câncer colorretal. A publicação na revista Nature Communications conta que o foco do trabalho foi a proteína receptora Dectina-1. Sabe-se que a Dectina-1 é uma proteína receptora que se liga preferencialmente a beta-glucanos, que são polímeros de glicose que ocorrem naturalmente nas paredes celulares de vários tipos de fungos.

Para investigar o papel da Dectina-1 na tumorigênese do câncer colorretal, os pesquisadores utilizaram dois modelos murinos de câncer colorretal; polipose adenomatosa familiar e câncer colorretal induzido por azoximetano. Linhagens desses animais foram modificadas geneticamente para não exibirem o gene da Dectina-1. Curiosamente, sem a ação da Dectina-1, ambos os modelos mostraram tumorigênese reduzida, reforçando um papel para a proteína na patogenia da doença.

Posteriormente, outro experimento afastou um eventual papel do microbioma no processo, quando animais livres de germes com bloqueio da Dectina-1 mostraram tumorigênese menos ativa que animais livres de germes do tipo selvagem. Ao investigarem o mecanismo de ação da Dectina-1 na proteção contra o câncer colorretal, a equipe descobriu que os tumores sem Dectina tinham níveis mais baixos de prostaglandina E2 (PGE2) e síntese de PGE2 como a ciclooxigenase-2 (COX2), conhecida por promover tumorigênese intestinal.

Além disso, ao investigarem quais células que produzem PGE2 sintases, os pesquisadores descobriram que isso é feito principalmente por células supressoras derivadas de células mieloides (MDSCs) que se infiltraram no tumor colorretal. Também foi demonstrado que a PGE2 promoveu a diferenciação e proliferação de MDSCs, contribuindo ainda mais para o desenvolvimento de câncer colorretal nos modelos murinos.

Outra via importante é que a PGE2 suprime fortemente a produção de IL-22BP, uma proteína antagonista da interleucina 22 (IL-22), proteína pró-inflamatória que contribui para a tumorigênese do câncer colorretal. Por fim, foi visto que a laminarina, um beta-glucano de baixo peso molecular originário de algas, inibiu a tumorigênese em modelos murinos.

Segundo os autores, seus dados demonstram uma função crítica da Dectina-1 e seu gene codificador CLEC7A na tumorigênese do câncer colorretal e um enorme potencial como alvo de novas estratégias terapêuticas.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s41467-023-37229-x

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