O câncer de cólon é uma neoplasia comum, com cerca de 2 milhões de novos casos diagnosticados a cada ano. Estima-se que a doença afetará uma em cada vinte e cinco pessoas no decorrer de suas vidas. Atualmente, além da cirurgia, o principal pilar de tratamento do câncer de cólon é a quimioterapia, que se mostra bastante eficaz em eliminar a maioria das células cancerígenas. Infelizmente, muitos pacientes recaem, com o tumor retornando em toda a sua complexidade.
A novidade é que pesquisadores do Instituto de pesquisa em Biomedicina de Barcelona afirmam terem desvendado o mecanismo por trás da recaída do câncer de cólon, o que pode ser a ponte para tratamentos mais eficazes. O artigo do grupo na Nature Cancer relata que o trabalho foi feito em organoides de câncer de cólon e modelos murinos da doença. Deste modo, foi possível investigar o papel de cada subpopulação celular nos processos de progressão da doença e do tratamento quimioterápico.
Esse esforço revelou que a quimioterapia é realmente eficiente na eliminação da maioria das células cancerígenas, exceto um pequeno grupo. Essas células resistentes (células-tronco tumorais), quando expostas à quimioterapia, adotaram um estado metabólico latente similar ao do período embrionário. A assunção deste estado metabólico latente dá a essas células a capacidade de evitarem os efeitos citotóxicos do quimioterápico durante o tratamento e, posteriormente, se reativarem para novamente proliferarem e restabelecerem o tumor.
A investigação mais aprofundada dessas células resistentes mostrou que todas exibem expressão elevada do gene Mex3a, cujas funções ainda são relativamente desconhecidas. Outros experimentos em organoides e modelos animais mostraram que o bloqueio genético por manipulação da expressão de Mex3a torna as células resistentes altamente sensíveis à quimioterapia. No momento, a equipe se concentra em descobrir como Mex3a induz o estado latente nessas células e como a quimioterapia atua para ativar a expressão de Mex3a.
Segundo os autores, seus dados indicam que drogas direcionadas à inibição desses mecanismos podem ter sinergia importante de resultados com a quimioterapia.
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