O transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento que afeta a comunicação verbal e a interação social de seus portadores. O diagnóstico da condição requer a aplicação de uma bateria de testes que envolve um importante componente subjetivo e pode resultar em atraso no diagnóstico.
A novidade é que pesquisadores da Universidade Estadual de Washington afirmam terem desenvolvido um teste simples de triagem oftalmológica que pode aprimorar esse tipo de diagnóstico. A publicação em Neurological Sciences pontua que um dos objetivos em tornar o diagnóstico do TEA mais precoce é alcançar uma janela crítica entre os 18 e os 24 meses na qual as intervenções têm maiores chances de promoverem benefícios de longo prazo, podendo ser a diferença entre uma criança que verbaliza ou não.
O ponto de partida do estudo foi a observação clínica de diferenças na reação pupilar à luz entre indivíduos com TEA e aqueles sem a doença. Neurologicamente, esse sistema de controle é regulado por feixes neurais no tronco cerebral adjacentes a feixes relacionados à fala e linguagem. Como o reflexo pupilar avalia a integridade desses sistemas, os pesquisadores visualizaram uma oportunidade única para realizar esta avaliação de forma simples e acessível.
No estudo em questão, foi utilizado um pupilômetro unilocular portátil para definir os parâmetros de linha de base do tônus pupilar, contração ao estímulo luminoso e retorno após retirada em 36 portadores de TEA (6 a 17 anos) e 24 controles sem a doença. Os reflexos pupilares à luz foram avaliados por profissionais treinados que encontraram significativas diferenças entre os grupos. Especificamente, em comparação com os controles, os portadores de TEA mostraram contração mais lenta em resposta à luz, assim como retorno à linha de base após retirada do estímulo.
Segundo os autores, o estudo é um importante avanço, pois potencializa para uso clínico os resultados do estudo anterior no mesmo sentido, porém utilizando pupilometria binocular, tecnologia mais cara e menos aplicável na clínica diária. Atualmente, o grupo se prepara para solicitar a aprovação de pré-mercado à Food and Drug Administration.
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Fonte: https://link.springer.com/article/10.1007/s10072-022-05976-2