Marcador neuroquímico ligado à perda de função na ELA pode direcionar novo teste diagnóstico

Por Docmedia

21 junho 2023

A esclerose lateral amiotrófica (ELA) é uma doença neurodegenerativa resultante da disfunção progressiva e morte do neurônio motor. Os sintomas de perda de força, espasticidade, rigidez muscular e paralisia podem simular uma série de outras patologias neurológicas, o que dificulta o diagnóstico da condição e atrasa o tratamento. E isto é ruim porque, embora não exista cura, os medicamentos disponíveis que podem aumentar a sobrevida se mostraram mais eficazes quando mais cedo aplicados.

A novidade é que uma descoberta de pesquisadores da Universidade de Alberta, no Canadá, associados ao Consórcio Canadense de Neuroimagem da ELA (CALSNIC) pode direcionar a confecção de um teste diagnóstico visando fechar essa lacuna e oferecer o tratamento de forma precoce a esses pacientes. A publicação no Journal of Neurology, Neurosurgery & Psychiatry conta que um dos pontos fortes do estudo foi a reunião de vários centros de pesquisa de ELA no CALSNIC, o que permitiu o recrutamento de uma coorte com 52 portadores da doença e 52 controles saudáveis.

Na coorte, a frequência de batimentos do pé foi registrada para cada paciente e foi significativamente reduzida em pacientes com ELA. Dos 52 pacientes, 48 apresentaram hiperreflexia, 21 apresentaram espasticidade e 15 exibiram o sinal de Babinski. Tendo estabelecido uma perda da função motora entre os pacientes com ELA, os pesquisadores usaram ressonâncias magnéticas funcionais para medir o quão bem o córtex motor primário estava se comunicando com o resto do cérebro. Eles também usaram dois outros testes para medir neuroquímicos no córtex motor primário e monitorar a deterioração da substância branca na mesma área.

Com tal estratégia, foi visto que os níveis de N-acetilasparato (NNA), um neuroquímico associado à função neuronal normal, eram reduzidos à medida que a função motora deteriorava e havia perda da conexão entre o córtex motor e o restante do cérebro. O postulado da equipe é que a redução de NNA ocorre antes ou desde o início do processo patogênico, o que permitiria o diagnóstico mais precocemente, ainda que de forma terminal, mas permitindo a administração de terapias em momento com maior chance de resposta.

Os autores ainda lembram que a droga riluzole destinada a aumentar os níveis de NNA tem mostrado aumentar a sobrevida desses pacientes entre 3 e 6 meses. Os autores se perguntam se tal correlação é verdadeira e se também haverá correlação entre melhora da neuroquímica e da conectividade entre córtex motor e o restante do cérebro e se um teste visando NNA poderá monitorar esses parâmetros.

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Fonte: https://jnnp.bmj.com/content/94/3/193

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