Um grupo de produtos chamado em conjunto per e fluoroalquil (PFAS) possui uso disseminado no cotidiano da maioria das sociedades contemporâneas e isso pode significar um risco até agora negligenciado.
Os produtos PFAS são largamente utilizados desde a década de 1940 em utensílios de cozinha antiaderentes e tecidos resistentes a manchas e gordura. Uma vez que os produtos PFAS possuem uma ligação carbono-flúor que dificulta sua degradação no meio ambiente, existe preocupação com a exposição contínua a esse tipo de produto.
Agora, pesquisadores da Icahn School of Medicine at Mount Sinai reforçam essa preocupação, encontrando relação entre exposição a produtos PFAS e aumento do risco de câncer de tireoide. A publicação em eBioMedicine conta que tal conclusão surgiu após a avaliação de um grupo de 88 pacientes com diagnóstico de câncer da tireoide e 88 voluntários sem câncer pareados por idade, sexo, etnia, tabagismo e índice de massa corporal.
Todos os participantes forneceram amostras de sangue que foram analisadas utilizando um método de metabolômica não direcionada chamado BioMe. Em resumo, o objetivo da utilização do BioMe foi dosar os níveis de diferentes produtos PFAS no sangue de ambos os grupos e compará-los.
Os resultados mostraram que a exposição ao ácido perfluorooctanossulfônico (n-PFOS, um grupo de produtos químicos integrante dos PFAS) levou a um risco aumentado de 56% de diagnóstico de câncer de tireoide. Além disso, os investigadores conduziram a análise novamente num subgrupo de 31 pacientes que tiveram pelo menos 1 ano entre a sua inscrição no BioMe e o diagnóstico de câncer da tireoide, para ter em consideração o intervalo de tempo entre a exposição aos produtos químicos PFAS e o desenvolvimento de uma doença.
Novamente, o esforço resultou em uma associação positiva entre a exposição de n-PFOS e o risco de câncer de tireoide, bem como uma associação positiva com alguns produtos químicos PFAS adicionais, incluindo ácido perfluorooctanossulfônico ramificado, ácido perfluorononanóico, ácido perfluorooctilfosfônico e ácido perfluorohexanossulfônico linear.
Segundo os autores, seus números reforçam a presença de uma crise de saúde relacionada aos PFAS e a urgente necessidade de políticas que restrinjam ou até eliminem a utilização deste tipo de produto.
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Fonte: https://www.thelancet.com/journals/ebiom/article/PIIS2352-3964(23)00397-3/fulltext
