O adenocarcinoma ductal pancreático (PDAC) é a décima quarta neoplasia mais comum e a sétima causa de mortalidade relacionada ao câncer no mundo, apresentando aumento da sua incidência nos últimos anos. Além disso, o PDAC é um dos tumores mais agressivos, mostrando baixos índices de sobrevida em 5 anos, cerca de 2%. A maioria desses tumores ocorre na cabeça do pâncreas (80%) e são mais comuns em homens, com pico aos 55 anos.
A novidade é que pesquisadores do Hospital Infantil de Boston e do Instituto Broad do MIT e Harvard identificaram uma promissora via metabólica cujo direcionamento tem potencial para tratar a doença com poucos efeitos colaterais. A publicação em Nature lembra que a pesquisa de novos tratamentos de câncer esteve concentrada nas últimas décadas em alvos genéticos relacionados à proliferação da doença como os oncogenes e as vias de inibição de genes supressores tumorais.
No novo estudo, os pesquisadores se concentraram em uma via metabólica relacionada à produção de poliaminas pelo câncer para sustentar seu crescimento. A maioria das células utiliza processos que dependem do aminoácido arginina para produzir as poliaminas de que precisam. Isto representa um importante obstáculo para o PDAC, uma vez que nesses tumores o microambiente é extremamente pobre em arginina.
Para superar essa dificuldade, esses cânceres aparentemente evoluíram para utilizar o aminoácido glutamina em uma via metabólica dependente da enzima ornitina aminotransferase (OAT). Não é difícil entender que tal descoberta pareceu uma oportunidade para os pesquisadores. Em função disso, experimentos foram realizados em células cancerígenas de câncer de pâncreas e modelos murinos de PDAC.
Nesses experimentos, a equipe tanto inibiu a expressão do gene codificador da OAT como utilizou o fármaco 5-FMO, com conhecida atividade inibidora de OAT. Estudos metabólicos e de crescimento celular mostraram que ambas as abordagens reduziram o crescimento do câncer em ambos os sistemas modelo.
Segundo os autores, uma vez que a via OAT é predominantemente ativa na infância e no intestino adulto em jejum, os bons resultados conseguidos sugerem que o direcionamento da OAT é um alvo potencial a ser explorado para o tratamento do PDAC. Além disso, como o 5-FMO já foi utilizado experimentalmente para outros fins em humanos, há forte potencial de rápida progressão para a tradução de resultados clínicos efetivos.
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