Potencial do Canabidiol no tratamento do câncer

Por Docmedia

12 julho 2023

Dados de pesquisa informam que muitos pacientes com câncer fazem o uso de medicamentos à base de cannabis de forma medicinal. Uma pesquisa transversal em 926 pacientes no Fred Hutchinson Cancer Research Center (Seattle) constatou que 66% haviam usado cannabis  anteriormente, com 24% dos entrevistados tendo usado no ano passado e 21% no mês anterior. A maior parte dessa utilização foi para sintomas físicos (75%), neuropsiquiátricos (63%) e 26% disseram acreditar que isso ajudava no tratamento da própria neoplasia.

A partir desses dados, um grupo de pesquisa que incluiu a Universidade de Torrens, a Western Sydney University, ambas na Austrália, e o Colégio Internacional de Medicina Cannabinoide (UK), conduziram uma revisão sobre as evidências na utilidade da cannabis medicinal no tratamento do câncer. A publicação em Cancers conta que o foco principal foi a utilização do canabidiol (CDB) isolado, ou em associação com seu congênere alucinógeno, o tetrahidrocanabinol (THC).

Segundo os autores, os receptores canabinoides são amplamente expressos em células cancerígenas, bem como em células normais. Os principais endocanabinoides endógenos são anandamida (AEA) e 2-araquidonilglicerol (2-AG), atuando sobre os receptores canabinoides CB1 e CB2.

A pesquisa indica que a disfunção do sistema endocanabinoide faz parte do mecanismo patogênico de muitas doenças, incluindo o câncer e os sinais e sintomas associados à doença e seu tratamento, como ansiedade, depressão e distúrbios do sono. Os receptores CB1 e CB2 são superexpressos em cânceres como o de mama e o glioblastoma, com esta superexpressão relacionada ao pior prognóstico em tumores como os colorretais.

Algumas pesquisas encontraram que a AEA pode inibir proliferação, migração e invasão de células cancerígenas in vitro e in vivo, além de inibir a angiogênese. Quanto ao CBD, estudos sugeriram ação pró-apoptótica e antiproliferativa para o composto em diferentes tipos de câncer. Como exemplo, a pesquisa com células de glioma demonstra que o CBD sozinho ou em conjunto com outros agentes pode induzir a morte celular, inibir a migração e invasão celular, reduzir o tamanho dos tumores, reduzir a vascularização e induzir a regressão do tumor e aumentar a sobrevida.

Outros efeitos do CBD incluem a inibição do GPR55, conhecido por estar elevado em vários tipos de câncer e ter atividade canabinoide, como o câncer de mama triplo negativo agressivo, onde níveis elevados estão associados a uma maior chance de desenvolver metástases.

Por fim, os autores consideram que seus dados consagram o CBD como um componente chave da planta cannabis sativa sem o efeito potencialmente tóxico do THC. Pacientes com câncer estão objetivamente utilizando esse tipo de estratégia e é dever dos profissionais de saúde tomar ciência da crescente base de evidências sobre CBD no câncer como forma de auxiliar seus pacientes.

Tais evidências sugerem alguma eficácia do composto no tratamento da dor, da ansiedade e da depressão associadas ao câncer. Inclua-se também distúrbios do sono, náuseas, vômitos e mucosite oral associados ao câncer e seu tratamento. Estudos também sugerem que o CBD pode melhorar os tratamentos ortodoxos com agentes quimioterápicos e radioterapia e proteger contra danos neurais e de órgãos.

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Fonte: https://www.mdpi.com/2072-6694/14/4/885

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