Uma equipe da Universidade da Flórida criou um método promissor usando a tecnologia CRISPR para exames de sangue não invasivos que podem ajudar os médicos a diagnosticar o câncer em estágios iniciais. O método desenvolvido pela equipe é tão eficaz quanto os ensaios quantitativos de reação em cadeia da polimerase (RT-qPCR) amplamente utilizados no diagnóstico de câncer. Além disso, ele pode ser combinado com um dispositivo portátil simples para realização de testes clínicos no local.
A publicação do grupo na Nature Biomedical Engineering conta que o novo método funciona detectando microRNAs, pequenas moléculas de RNA envolvidas na regulação da expressão gênica, presentes em vesículas extracelulares no sangue. Os microRNAs têm sido estudados como biomarcadores promissores para o diagnóstico de tumores cancerígenos em fluidos humanos.
As vesículas extracelulares são partículas liberadas pelas células e desempenham papéis importantes nas funções e doenças celulares, transportando biomoléculas entre as células. Células tumorais parecem produzir essas vesículas de forma mais agressiva, contendo microRNAs associados à doença, o que as torna uma fonte interessante para explorar novos marcadores de câncer.
A tecnologia CRISPR, uma poderosa ferramenta de edição de genes, foi adaptada para desenvolver esse método de diagnóstico. A equipe procurou simplificar o fluxo de trabalho, projetando um método rápido e sensível para a detecção de microRNAs que reduzisse o risco de contaminação cruzada. Na prática, o novo método, chamado “one pot”, consiste em armazenar todos os agentes químicos necessários, exceto a amostra, em um único tubo de ensaio. Para realizar a análise, basta adicionar a amostra de microRNA para iniciar a reação.
Segundo os autores, em seus experimentos ficou demonstrado que o método desenvolvido pela equipe tem sensibilidade comparável aos testes de PCR e possui excelente desempenho analítico e diagnóstico. Além disso, o fluxo de trabalho foi acelerado significativamente. Neste primeiro momento, o grupo se concentrou no câncer de pâncreas, uma doença de alta mortalidade e difícil de ser detectada precocemente. A detecção precoce é essencial para melhorar as chances de cura, pois muitas vezes o tumor já se espalhou no momento do diagnóstico.
Após tais resultados, os autores disseram acreditar que o método “EXTRA-CRISPR” tem um grande potencial para o diagnóstico de câncer, incluindo o câncer de pâncreas, quando combinado com biomarcadores robustos de microRNA. No futuro, ele poderá ser integrado a dispositivos portáteis de baixo custo, tornando a detecção do câncer de pâncreas mais acessível.
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