Mecanismo ligado à amônia pode aumentar o espectro de eficácia da imunoterapia

Por Docmedia

22 março 2023

Embora a imunoterapia do câncer tenha sido uma verdadeira revolução para o tratamento de cânceres como as neoplasias hematológicas e o melanoma, esse tipo de abordagem favorece apenas cerca de 30% dos pacientes. Essa é a realidade para a maioria dos tumores sólidos, que carecem de opções terapêuticas para aumentar a eficácia da imunoterapia.

A novidade é que um grupo de pesquisadores do Rogel Cancer Center da Universidade de Michigan afirma ter descoberto um mecanismo passível de intervenção cuja modulação resultou na eficácia da imunoterapia em um tipo de tumor tradicionalmente resistente. A publicação na revista Cell Metabolism conta que o grupo conseguiu melhorar os resultados da imunoterapia no câncer colorretal após intervenção sobre os níveis de amônia no microambiente tumoral.

Em um modelo murino de câncer colorretal (CCR) metastático, foi evidenciado que havia aumento significativo dos níveis de amônia no microambiente tumoral. Também foi visto que a amônia em excesso não era resultante de aumento da produção deste metabólito, mas sim em perda da capacidade de proceder sua depuração. Quando a equipe se voltou para as células T, principal alvo da imunoterapia do câncer, foi percebido que a hiperamonemia diminuía a transulfuração nas células T, levando a um estado de oxirredução alterado.

Como consequência, as células T mostravam alto grau de exaustão compatível com baixa atividade antitumoral. Identificados tais mecanismos, os pesquisadores passaram a tratar os camundongos com imunoterapia e associaram medicamentos já aprovados pelo FDA para tratamento da hiperamonemia. Essa abordagem experimental conseguiu reativar o processo de depuração da amônia, cuja redução nos níveis permitiu a reativação das células T e resposta mais eficaz aos imunoterápicos anti-PD-L1 por parte do CCR metastático.

Segundo os autores, embora ainda haja muito trabalho a ser feito, seus resultados são animadores no sentido da identificação de um mecanismo drogavel, e com fármacos já aprovados, que pode aumentar a eficácia de imunoterapia em tumores resistentes. Além disso, é possível que o excesso de amônia minando os efeitos da imunoterapia seja um mecanismo comum a diversos tumores além do CCR.

Quer saber mais?

Fonte: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1550413122005046?via%3Dihub

Total
0
Shares

Deixe uma resposta

Postagens relacionadas
%d blogueiros gostam disto: