Pesquisadores identificam um marcador metabólico precoce da doença de Alzheimer

Por Docmedia

21 novembro 2023

A doença de Alzheimer é a principal causa de demência em todo o mundo, afetando cerca de 50 milhões de pessoas. Mais recentemente, a chegada ao mercado de medicamentos que atrasam a progressão da doença, como o donanemabe, tem tornado a questão do diagnóstico precoce um ponto crucial na luta contra a doença.

A novidade é que pesquisadores do Instituto Karolinska anunciaram a identificação de uma alteração metabólica precoce no curso da doença e que pode funcionar como biomarcador para abreviar o diagnóstico. A publicação na revista Molecular Psychiatry conta que os pesquisadores basearam seu trabalho em um modelo de camundongos que têm predisposição genética para o desenvolvimento de depósitos de proteínas anormais da doença de Alzheimer e evolução clínica similar àquela dos seres humanos.

O metabolismo cerebral dos animais foi estudado ao longo do tempo, desde antes de os mesmos desenvolverem a doença até os estágios mais avançados. Isto foi feito por meio de técnicas de sequenciamento de RNA e microscopia eletrônica.

Deste modo, foram observadas as principais alterações na expressão gênica nas diferentes fases da doença, assim como as eventuais alterações estruturais das células neuronais. Além disso, especial ênfase foi dada à área cerebral do hipocampo por ser especialmente afetada na doença de Alzheimer.

Aplicando a técnica de sequenciamento de RNA para verificar quais genes estão ativos nas células do hipocampo durante os diferentes estágios da doença, os pesquisadores descobriram que um dos estágios iniciais da doença coincide com um aumento do metabolismo mitocondrial.

A equipe também estudou as mudanças que apareceram nas sinapses entre os neurônios do cérebro e descobriram que vesículas chamadas autofagossomos, por meio das quais as proteínas degradadas são quebradas e seus componentes metabolizados, se acumularam nas sinapses. Essa falha no processo de autofagia possivelmente se relaciona com a posterior dificuldade para evitar a deposição anormal de proteína tau e beta amiloide.

Por fim, foi descoberto que, após algum tempo de evolução da doença, em camundongos mais velhos, o cérebro retorna a um nível mais baixo de metabolismo.

Os autores irão agora estudar mais detalhadamente o papel das mitocôndrias e da autofagia no desenvolvimento da doença de Alzheimer e aventam a possibilidade de no futuro testarem novas moléculas que visem estabilizar as funções mitocondrial e autofágica como eventual estratégia precoce para retardar a progressão da doença.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s41380-023-02289-4

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