Hormônio liberador de gonadotrofina pode ser transformador na síndrome de Down

Por Docmedia

31 maio 2023

A trissomia do cromossomo 21, também chamada de síndrome de Down, têm uma incidência de 1 caso a cada 800 nascimentos com vida e resulta em uma miríade de manifestações clínicas que inclui declínio na capacidade cognitiva.

A novidade é que um estudo de pesquisadores da Universidade de Lille (Inserm) e da Universidade de Lausanne afirmam que a terapia com um hormônio naturalmente produzido pelo organismo mostra importantes benefícios nesses pacientes. O trabalho foi publicado na revista Science e teve como foco o hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH).

A observação dos portadores da síndrome de Down mostra que 77% deles desenvolvem sintomas similares aos vistos na doença de Alzheimer. Além disso, também é comum a perda olfativa gradual a partir da pré-puberdade, outra característica de doenças neurodegenerativas, assim como déficits de maturação sexual em portadores do sexo masculino.

A partir de novos dados sugerindo que o GnRH pode ter papel na regulação de outras funções cerebrais, entre as quais a cognição, os pesquisadores decidiram investigar o mecanismo de regulação do hormônio em modelos murinos de síndrome de Down.

O trabalho demonstrou que a produção do GnRH estava alterada nos camundongos com trissomia 21 devido à ação anormal de cinco fitas de microRNA presentes no cromossomo 21 com função regulatória do GnRH. Curiosamente, ao restabelecerem nos animais secreção de GnRH semelhante à fisiológica, a equipe obteve melhoras nas funções cognitiva e olfatória dos animais após 15 dias.

No estudo atual, agora em humanos, o grupo utilizou a dosimetria de GnRH pulsátil utilizada em Lausanne para tratamento da deficiência congênita de GnRH e que replica a secreção fisiológica do hormônio. Sete homens com síndrome de Down e idades entre 20 e 50 anos receberam um dispensador subcutâneo que forneceu doses de GnRH a cada duas horas por 6 meses. Testes cognitivos e olfativos foram realizados antes e após a terapia para definir uma linha de base para analisar eventuais alterações.

Embora não tenham sido documentadas alterações no olfato, seis dos sete participantes tiveram melhora no desempenho cognitivo com melhor representação tridimensional, melhor compreensão de instruções, raciocínio melhorado, atenção e memória episódica. Imagens cerebrais também mostraram aumento da conectividade funcional, sugerindo que o GnRH, terapia segura e já utilizada em humanos, parece promissora.

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Fonte: https://www.science.org/doi/10.1126/science.abq4515

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