Biópsia líquida pode ajudar a seleção para radioterapia direcionada no câncer de pulmão

Por Docmedia

7 novembro 2023

O câncer de pulmão de células não pequenas (NSCLC) responde por 84% dos tumores nessa localização e é a principal causa de mortes por câncer em todo o mundo. Pacientes com diagnóstico de NSCLC e doença amplamente metastática apresentam prognóstico ruim.

Entretanto, alguns pacientes em que a doença é oligometastática, ou seja, disseminação modesta, podem experimentar longos períodos de vida livre de doença quando submetidos a altas doses de radioterapia direcionada.

Selecionar os pacientes com maiores chances de se beneficiarem dessa estratégia tem sido um desafio, mas um estudo de pesquisadores da Universidade de Washington sugere que a técnica chamada biópsia líquida pode ajudar a selecionar esses pacientes. Tal afirmação é a conclusão de trabalho do grupo publicado na revista npj precision oncology.

No estudo, os pesquisadores analisaram dados de 309 pacientes portadores de NSCLC oligometastático que receberam radioterapia direcionada após a realização de biópsia líquida. Nesse tipo de procedimento, uma amostra de tecido líquido do paciente, geralmente uma amostra de sangue periférico, é utilizada para a pesquisa de DNA tumoral circulante (ctDNA). A sugestão dos pesquisadores é que os níveis de ctDNA seriam um melhor meio de estimar a carga de doenças no NSCLC.

No estudo, a doença oligometastática foi definida como doença metastática em pelo menos um e até cinco sistemas orgânicos. Os pacientes tinham em média 64,7 anos.

Na avaliação dos resultados, foi visto que pacientes com ctDNA detectável antes da radioterapia tiveram pior sobrevida global do que aqueles cujo sangue não apresentava ctDNA detectável antes do tratamento. Para aqueles cujo sangue apresentava vestígios de ctDNA, a sobrevida global mediana foi de 16,8 meses, em comparação com 25 meses para pacientes sem ctDNA detectado antes do tratamento (p=0,030, HR=1,65, IC=1,05–2,61).

Do mesmo modo, a sobrevivência livre de progressão foi pior para aqueles cujo sangue apresentava vestígios de ctDNA antes da radioterapia. A sobrevida livre de progressão mediana foi de 5,4 meses para pacientes com ctDNA detectável, em comparação com 8,8 meses para aqueles sem ctDNA detectável antes do tratamento (p=0,004, HR=1,57, IC=1,15–2,13).

Segundo os autores, seus resultados sugerem que a biópsia líquida pode representar um avanço na medicina personalizada ao permitir identificar os pacientes com melhor chance de se beneficiarem da radioterapia e aqueles cujo quadro mostra necessidade de terapia sistêmica como quimioterapia ou imunoterapia.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s41698-023-00440-6

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