A primeira linha de tratamento para as neoplasias hematológicas permanece sendo a quimioterapia associada ao uso de anticorpos, porque parte relevante dos pacientes responde de forma excepcional. Entretanto, quando há recorrência do câncer, uma linha de tratamento cara e individualizada tem se mostrado a grande esperança para esses pacientes, a imunoterapia com células T do antígeno quimérico específico (T-CAR). Por esse motivo muita pesquisa tem sido feita visando maneiras de aprimorar os efeitos da terapia T-CAR.
A novidade é que um estudo de pesquisadores do Max-Delbrück-Center for Molecular Medicine, na Alemanha, desenvolveu uma estratégia que promete aprimorar a ação antitumoral da terapia T-CAR em diversas frentes, significando até mesmo uma chance de cura. O artigo do grupo na Molecular Therapy conta que o foco do trabalho foi o antígeno associado ao fragmento de ligação ao receptor de estrogênio 9 (EBAG9).
Assim que esse gene foi descoberto, mostrou ter função importante na resposta imune, pois camundongos em que sua ação foi silenciada mostraram lidar mais facilmente com infecções bacterianas e virais, além de formarem maior quantidade de células de memória. Em 2015, uma técnica para inibir a síntese da proteína EBAG9 usando microRNA foi desenvolvida.
O mecanismo é de especial interesse no câncer hematológico porque um dos mecanismos de evasão imune desses tumores é a produção de EBAG9 e o estímulo para que células T também aumentem essa síntese.
No estudo atual, células T-CAR humanas de leucemia e linfoma foram cultivadas com microRNA inibidor de EBAG9, sendo que pouco antes a estratégia foi aplicada em camundongos e aprimorou a resposta antitumoral. Assim como nos animais, o experimento com células humanas resultou na redução do tumor e atraso na ocorrência de recaídas.
No âmbito celular, a terapia permite que as células T-CAR produzam e liberem maior quantidade de moléculas citotóxicas para atacar o tumor. Além disso, a nova técnica não implicou aumento dos efeitos colaterais da terapia T-CAR. Tais resultados foram tão animadores que os autores submeteram a técnica ao órgão regulador em novembro e sonham com a aplicação clínica em até 2 anos.
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