Pesquisa visa melhorar o entendimento da alergia ao leite e seu diagnóstico

Por Docmedia

8 novembro 2023

As alergias alimentares são um problema médico relativamente comum que implica em uma resposta exagerada do sistema imune a antígenos não patogênicos contidos nos alimentos. Dentre todas as alergias alimentares comumente vistas, a alergia ao leite de vaca é a mais comum e também a mais curiosa delas.

Em boa parte das alergias alimentares, o problema costuma persistir em maior ou menor grau por toda a vida. Já com relação à alergia ao leite de vaca, cerca de 80% das crianças que a apresentam tendem a se verem curadas na idade adulta. Uma dificuldade no manejo das alergias alimentares é que os testes disponíveis não são tão eficientes como se gostaria, sendo o diagnóstico muitas vezes feito por meio de desafio alimentar, uma técnica com óbvios problemas porque expõe a criança diretamente ao alérgeno.

A novidade é que pesquisadores do Instituto La Jolla de Imunologia trabalham em melhores formas de diagnosticar e tratar alergias alimentares como a alergia ao leite de vaca. Uma publicação recente do grupo no Journal of Allergy and Clinical Immunology conta que os pesquisadores recrutaram crianças com diagnóstico de alergia ao leite de vaca para obterem amostras sanguíneas e estudarem o funcionamento das células imunológicas desses pacientes.

A equipe acredita que, comparando esses dados com o mesmo tipo de análise em crianças com outros tipos de alergia alimentar e controles sem doença, será possível identificar padrões exclusivos dos portadores de alergia ao leite de vaca.

A equipe também espera esclarecer as assinaturas imunológicas relacionadas aos subtipos de alergia ao leite de vaca. Por exemplo, algumas crianças alérgicas ao leite de vaca líquido ficam bem quando o leite de vaca é adicionado aos alimentos. Também há crianças que são alérgicas a ambos e não superam isso. E sendo assim, seria importante que cuidadores, médicos e crianças soubessem dessa distinção o mais cedo possível.

No estudo, 147 participantes com alergia alimentar tiveram mapeadas as respostas das células T a um conjunto de epítopos reativos que foi compilado em um pool de peptídeos. Este conjunto induziu respostas de citocinas em células cultivadas in vitro, distinguindo indivíduos com alergia alimentar ao leite de vaca de indivíduos sem alergia ao leite de vaca. Foi ainda utilizado o pool para isolar e caracterizar células T de memória CD4 específicas para antígeno usando citometria de fluxo e ensaios de sequenciamento de RNA/TCR unicelulares.

Segundo os autores, o esforço revelou um conjunto significativo de alterações transcricionais e de clonalidade nas células imunes dos portadores de alergia ao leite de vaca que foi eficaz em diferenciar os portadores da doença dos não portadores. Esses novos conhecimentos são promissores para o futuro do diagnóstico e acompanhamento das alergias alimentares, em especial ao leite de vaca.

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Fonte: https://www.jacionline.org/article/S0091-6749(23)01061-8/fulltext

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