Perda de peso intencional por meio da dieta regula o microbioma e a atividade cerebral

Por Docmedia

19 fevereiro 2024

O sobrepeso e a obesidade se tornaram uma verdadeira epidemia em todo o mundo, afetando mais de um bilhão de indivíduos. Como é sabido, uma consequência importante desse fenômeno é que a obesidade é um fator de risco para doenças cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de câncer. 

Ou seja, a obesidade é um contribuinte direto para algumas das principais causas de morte. Por outro lado, conseguir e manter um peso próximo ao ideal no longo prazo é uma tarefa difícil para parte significativa dos seres humanos.

Estudos sugerem que interações complexas entre sistemas do corpo, como a fisiologia intestinal, os hormônios e o cérebro, atuam contra isso. Agora, um grupo de pesquisadores do Instituto de Gestão de Saúde do Hospital Geral do PLA em Pequim exploraram em um estudo como essas complexas interações se desenvolvem durante e após a perda de peso.

A publicação do grupo na revista Frontiers in Cellular and Infection Microbiology conta que os pesquisadores utilizaram metagenômica em amostras de fezes, medições de sangue e ressonância magnética funcional (fMRI) para estudar mudanças na composição do microbioma intestinal, parâmetros fisiológicos e composição sérica e atividade cerebral em 25 mulheres e homens chineses obesos em uma dieta IER.

Os participantes tinham em média 27 anos, com IMC entre 28 e 45. No estudo, os participantes iniciaram por uma fase de jejum altamente controlado de 32 dias, em que receberam refeições elaboradas por um nutricionista cujo valor calórico diminuía gradativamente até um quarto da ingestão energética básica.

Na segunda fase, os participantes passaram 30 dias em uma fase de jejum pouco controlada, em que receberam uma lista de alimentos recomendados. Como meta, os participantes que aderissem perfeitamente a essa dieta ingeriram 500 calorias por dia para mulheres e 600 calorias por dia para homens.

Ao final do estudo, o peso corporal diminuiu em média 7,6 kg, ou 7,8%, assim como houve reduções na gordura corporal e na circunferência da cintura. Benefícios também foram vistos na pressão arterial, glicemia, colesterolemia e enzimas hepáticas, sugerindo que a dieta de restrição calórica intermitente (IER) ajuda a reduzir todas as comorbidades associadas à obesidade.

No cérebro, o emagrecimento IER promoveu diminuição da atividade em regiões relacionadas ao apetite e à compulsão. Outro achado importante foi no microbioma, constatando-se aumento na abundância das espécies Faecalibacterium prausnitzii, Parabacteroides distasonis e Bacterokles uniformis e redução da E. coli.

Segundo os autores, tais resultados sugerem que as alterações no cérebro e no microbioma durante e após a perda de peso estão ligadas e se retroalimentam. Ou seja, o processo de emagrecimento potenciaria modificações que o facilitasse, ao passo que o ganho de peso promoveria modificações em sentido contrário.

Os autores declaram que pretendem permanecer estudando os mecanismos envolvidos nessas interações visando oportunidades para direcionar o processo de forma benéfica.

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Fonte: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fcimb.2023.1269548/full

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