Estudo identifica molécula capaz de proteger contra a colite ulcerativa

Por Docmedia

24 janeiro 2024

A colite ulcerativa é um distúrbio inflamatório crônico do intestino que cursa com considerável redução da qualidade de vida, podendo mesmo levar à necessidade de remoção cirúrgica do cólon. Embora existam tratamentos disponíveis para a doença, nem todos os pacientes respondem aos mesmos de forma eficaz. Deste modo, a pesquisa de alternativas que possam melhorar a condição desses indivíduos é extremamente bem-vinda.

Nesse sentido é o estudo de pesquisadores da Universidade Thomas Jefferson que identificaram uma molécula capaz de proteger contra a colite ulcerativa. A publicação do grupo na revista Nature Communications conta que o foco do trabalho foi o aminoácido triptofano.

Alimentos com carne de peru, carne de porco, nozes e algumas sementes são ricos neste aminoácido que deve ser componente obrigatório da dieta uma vez que não é produzido pelo organismo. No estudo, o objetivo inicial dos pesquisadores foi investigar a atividade das células T reguladoras (Tregs), uma vez que a colite ulcerativa é um distúrbio inflamatório e essas células imunes possuem atividade moduladora do processo inflamatório, impedindo a inflamação prejudicial.

Nesse contexto, outro objetivo era descobrir como recrutar maior número de Tregs para o intestino visando que esse aumento resultasse em inibição do processo inflamatório. Deste modo, a equipe encontrou o receptor CPR15, que promove o trofismo das Tregs em direção ao intestino. Identificado o CPR15, foi iniciada uma busca por moléculas que fossem capazes de estimular as Tregs a produzirem mais CPR15.

Curiosamente, os pesquisadores descobriram que o triptofano e alguns de seus metabólitos possuem a capacidade de induzir o aumento da produção de CPR15. Para ratificar a descoberta, os pesquisadores utilizaram um modelo murino de colite ulcerativa e suplementaram a alimentação de parte dos animais com triptofano.

Como resultado, foi observada uma duplicação na quantidade de células Treg supressoras de inflamação no tecido do cólon, em comparação com ratos que não foram alimentados com triptofano extra.

Clinicamente, o efeito dessa intervenção alimentar foi a melhora dos sintomas de colite nos animais que durou por até uma semana após a retirada do triptofano da dieta. Em tempo de seres humanos, o cálculo é que esse efeito protetivo alcançaria até 1 mês.

Digno de nota, o triptofano só foi eficaz em prevenir a ocorrência de novos surtos de inflamação, mas teve pouco efeito quando foi introduzido na vigência do surto inflamatório.

Segundo os autores, seus resultados são importantes por se tratar a suplementação de triptofano de uma intervenção não invasiva, segura e potencialmente eficaz contra a colite ulcerativa. Em razão disso, a equipe se planeja para ensaios clínicos estimando uma dose de 100mg dia de triptofano suplementar.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s41467-023-43211-4

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