O exercício físico pode aumentar a mobilização imune em pacientes com câncer

Por Docmedia

14 junho 2023

Sabidamente, o exercício físico é um dos pilares de uma vida saudável ao lado da boa alimentação e qualidade do sono. A afirmação é válida até mesmo em indivíduos com câncer, nos quais a prática de atividade física comprovadamente melhora a qualidade de vida e pode mesmo alterar positivamente o prognóstico da doença.

Como o exercício físico promove esses benefícios em pacientes com câncer ainda não é completamente compreendido, mas, dois estudos de pesquisadores da Universidade de Turku, na Finlândia, sugerem que um desses efeitos pode estar relacionado a maior mobilização do sistema imune.

As publicações do grupo na Scientific Reports e na Frontiers in Physiology trazem os resultados de dois experimentos conduzidos com portadores de câncer de mama e linfoma recém-diagnosticados. Ao todo, as duas coorte somaram 7 portadores de linfoma (3 Hodgkin e 4 não Hodgkin) e 21 portadores de câncer de mama.

Todos os participantes foram acompanhados em sessões de exercício aeróbico na bicicleta durante dez minutos e cederam amostras sanguíneas antes e após a intervenção com o exercício para o estudo de eventuais variações nas diferentes células imunológicas presentes no sangue periférico. No geral, o exercício foi conduzido de forma que todos os participantes conseguissem completar o período estipulado, mas com intensidade suficiente para promover aumentos na frequência cardíaca (exercício leve a moderado).

Na avaliação dos resultados, ambos os estudos encontraram que o exercício físico promoveu dramáticas alterações nas populações de células imunes encontradas na circulação. Nos pacientes com linfoma, a intervenção comportamental promoveu aumento principalmente dos linfócitos T citotóxicos e células natural killer, ambas participantes cruciais da resposta imune antitumoral. Já os pacientes com câncer de mama, além do aumento em células T citotóxicas e natural killer, tiveram incremento nas quantidades de monócitos intermediários e linfócitos B.

Outra descoberta foi que essas alterações na mobilização de células imunes com o exercício são transitórias, com o número dessas células retornando à linha de base prévia ao exercício cerca de 30 minutos após a cessação da atividade física. Também digno de nota, os estudos encontraram uma relação positiva entre a variabilidade promovida pelo exercício na frequência cardíaca e maior intensidade na mobilização de células imunes para a circulação.

Segundo os autores, é notável que mesmo o exercício de intensidade leve promove alguma mobilização imune. Outro ponto importante é que estudos pré-clínicos já definiram que essa maior mobilização imune repercute em maior infiltração imune do tumor em animais, estando essa investigação em humanos entre os próximos objetivos de pesquisa.

De todo modo, por se tratar de uma intervenção geralmente sem contraindicações, o exercício deve ser estimulado em pacientes com câncer cujo sistema imune costuma ser afetado negativamente pela doença.

Quer saber mais?

Fonte: https://www.nature.com/articles/s41598-023-33432-4

Fonte: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fphys.2022.1078512/full

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