O câncer está entre as principais causas de morte em todo mundo e tem como característica primordial a presença de células com ativação descontrolada do ciclo celular, resultando em proliferação agressiva e prejudicial.
A novidade é que pesquisadores da Escola de Ciência da Vida da Universidade de Pequim identificaram um composto de origem vegetal capaz de interferir no ciclo celular das células cancerígenas de vertebrados, o que pode originar uma nova e potente arma contra a doença. A publicação em Cell conta que o micro-RNA (miRNA) tem sido associado à carcinogênese por participar de um complexo de silenciamento de genes baseado em RNA que mantém a homeostase da proliferação celular.
A redução da carga de miRNA global foi documentada em grande parte dos tumores e é considerada um dos fatores que promovem a carcinogênese. Diferente do miRNA, o siRNA é derivado de substratos de RNA de fita dupla sintetizados por diferentes RNA polimerases dependentes de RNA (RDR). O siRNA dependente de RDR1 em vegetais é uma das principais vias de resposta imune molecular contra infecções virais.
No estudo atual, a equipe utilizou técnicas de engenharia genética para permitir a utilização do RDR de plantas em células animais. O composto resultante, RDR-1 se mostrou capaz de interagir com o substrato do miRNA animal que se acumula durante o processo de carcinogênese, os isômeros de miRNA que não podem se ligar ao 1-nt- extremidades 3′ mais curtas do complexo AGO2.
No estudo, RDR-1 foi capaz de modificar esses isômeros de miRNA acumulados, reativando a via defeituosa reguladora do ciclo celular e controlando a proliferação anormal exclusivamente em células cancerígenas, o RDR-1 sintetizado a partir de arroz e da planta da família Brassicaceae Arabidopsis foi testado em diversos modelos murinos de tumores sólidos e leucemia.
Segundo os autores, seus resultados revelam de forma inédita que isômeros anormais de 1-nt são amplamente acumulados em vários cânceres primários humanos, o que fornece uma nova visão sobre a redução da dose global de miRNA durante a carcinogênese. Além disso, a nova tecnologia desenvolvida permitiu a edição e manipulação do miRNA, tornando-o uma arma com potencial terapêutico promissor contra o câncer.
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