Novo estudo propõe reaproveitar inibidor de proteína quinase na imunoterapia

Por Docmedia

24 julho 2023

Em muitos cânceres, ainda que o tratamento inicialmente se mostre eficaz e destrua muitas células cancerígenas, com o tempo, algumas delas desenvolvem diferentes estratégias para se perpetuarem. Um exemplo é a evasão imune, que torna essas células invisíveis ou inatacáveis pelas células de defesa. Um desses mecanismos requer que a célula tumoral produza uma camada de adenosina em torno de si, o que suprime a resposta imune.

A novidade é que pesquisadores da Universidade de Bonn e do Centro Médico Universitário Hamburg-Eppendorf estão no caminho para interferir beneficamente neste mecanismo. A publicação no Journal for Immunotherapy of Cancer lembra que, além de suprimir o sistema imune, a camada de adenosina estimula a neoangiogênese e favorece a migração celular e a formação de metástases.

Por esses motivos, grupos de pesquisa já focavam em como interferir com a formação da camada de adenosina das células cancerígenas. Outra consideração importante é que a adenosina surge a partir do trifosfato de adenosina (ATP), produzido em grandes quantidades pelos tumores. A conversão do ATP em adenosina na superfície celular envolve uma série de catalisadores, entre eles a enzima CD39, que catalisa fases iniciais da conversão. Infelizmente, o fato é que a busca por inibidores de CD39 ainda não deu resultados, o que fez o grupo alemão buscar outra estratégia.

A ideia foi buscar candidatos entre outras enzimas corporais cuja atividade inclui o processamento do ATP, como é o caso das enzimas da família proteína quinase. Em um rol de 50 compostos de proteína quinase já aprovados para uso humano, se destacou o ceritinib, que também mostrou atividade sobre CD39 no tubo de ensaio e em culturas de células de câncer de mama triplo negativo.

Agora, os pesquisadores trabalham em aprimorar o ceritinib de forma a reduzir sua atividade sobre outras proteínas quinases, evitando efeitos adversos para aumentar a atividade sobre CD39. Com tal direcionamento, os autores esperam não apenas evitar a evasão imune reduzindo a camada de adenosina, mas também que o excesso de ATP resultante torne a célula cancerígena mais exposta ao ataque do sistema imune.

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Fonte: https://jitc.bmj.com/content/10/8/e004660

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