Uso prolongado de medicação hormonal relacionado ao risco de tumor cerebral

Por Docmedia

29 abril 2024

Os meningiomas são tumores benignos que surgem nas meninges. Em muitos casos a doença não manifesta sintomas durante a vida da pessoa, mas se isso ocorrer, os sintomas são resultado de efeito compressivo sobre estruturas cerebrais e pode requerer cirurgia.

Entre os fatores predisponentes, estão a propensão genética e tratamentos com radiação ionizante. Entretanto, algumas medicações hormonais de uso comum por mulheres também mostram essa associação.

Pela importância clínica do problema, pesquisadores franceses de diferentes instituições decidiram conduzir um estudo para melhorar a compreensão do risco de meningioma associado ao uso de progestágenos. A publicação do grupo no British Medical Journal conta que já existem dados associando o uso prolongado de três diferentes progestágenos (acetato de ciproterona, nomegestrol e clormadinona) ao aumento de risco de desenvolver meningiomas.

No estudo atual, esperando melhorar o conhecimento para outros progestágenos cujo risco não foi adequadamente avaliado, os pesquisadores se utilizaram de dados do sistema nacional de dados da saúde francês (SNDS) de 18.061 mulheres (idade média de 58 anos) que foram submetidas à cirurgia de meningioma intracraniano entre 2009 e 2018. Cada um dos casos de meningioma foi pareado com cinco mulheres controle sem meningioma intracraniano (total 90.305) por ano de nascimento e área de residência.

No estudo, os progestágenos examinados foram progesterona, hidroxiprogesterona, didrogesterona, medrogestona, acetato de medroxiprogesterona, promegestona, dienogest e DIUs contendo levonorgestrel (Mirena). Para cada progestágeno, o uso foi definido como pelo menos uma prescrição no ano anterior à internação hospitalar ou dentro de 3-5 anos para DIUs Mirena. Também foi registrado o uso dos três progestágenos sabidamente associados ao maior risco de meningioma.

Na avaliação dos dados, foi descoberto que o uso prolongado de medrogestona estava associado a um risco 4,1 vezes aumentado de meningioma intracraniano necessitando de cirurgia. O uso prolongado de injeção de acetato de medroxiprogesterona foi associado a um risco aumentado de 5,6 vezes, e o uso prolongado de promegestona foi associado a um risco aumentado de 2,7 vezes. Não foi encontrado aumento de risco para outros progestágenos e para utilização menor que 1 ano.

Os autores salientam que o estudo não tem poder de demonstrar causalidade, mas alertam que o aumento de risco associado a medicamentos utilizados por dezenas de milhões de mulheres em todo o mundo, caso do acetato de medroxiprogesterona, torna urgentemente necessários estudos utilizando outras fontes de dados para melhor compreensão deste risco.

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Fonte: https://www.bmj.com/content/384/bmj-2023-078078

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