Estudo desvenda interação entre vitamina B5 e oncogene significativo

Por Docmedia

8 dezembro 2023

A principal característica diferencial das células cancerígenas em comparação às células saudáveis é sua capacidade de proliferação. Obviamente, isso implica em essas células também apresentarem um metabolismo muito mais dinâmico.

Uma das grandes áreas de pesquisa no câncer visa desvendar, direcionar e explorar esses diferenciais metabólicos das células cancerígenas com o objetivo de barrar a progressão da doença. Nesse contexto, a novidade é um estudo de pesquisadores do Instituto Francis Crick e colegas do Laboratório Nacional de Física e da Imperial College London desvendando a relação entre o metabolismo da vitamina B5 e o oncogene Myc.

A publicação do grupo na revista Nature Metabolism lembra que o proto-oncogene Myc engloba uma família de oncogenes que codifica fatores de transcrição que controlam diferentes funções celulares, incluindo a proliferação celular. Ao perturbar as funções celulares direcionando a célula para a proliferação, Myc também torna essas células mais dependentes de determinados nutrientes.

No estudo, os pesquisadores desenvolveram modelos murinos de câncer com dois tipos de células distintas, com altos e baixos níveis de Myc, além de implantarem em animais tumores mamários humanos com uma mistura de áreas com altos e baixos níveis de expressão de Myc.

Utilizando uma técnica chamada espectrometria de massa para analisar esses diferentes modelos, os pesquisadores descobriram que a vitamina B5 estava associada a áreas com alto teor de Myc em ratos e nos tumores humanos transplantados. A mesma associação foi observada em biópsias retiradas de pacientes com câncer de mama.

Molecularmente, a equipe descobriu que Myc aumentou a quantidade de um transportador multivitamínico, o que permitiu que mais vitamina B5 entrasse nas células. E a ativação intencional desse transportador fez com que todas as células tumorais proliferassem mais rápido, mesmo aquelas com baixa expressão de Myc. Por outro lado, uma dieta restrita em vitamina B5 reduziu o crescimento dos tumores mamários implantados que eram mistos (alto/baixo Myc) e as amostras de biópsia de pacientes.

Segundo a equipe, a provável razão para esse efeito é a função da vitamina B5, que é transformada em coenzima A e utilizada em diversas vias metabólicas que produzem substratos celulares como gorduras, carboidratos e proteínas. Outra consideração é que, por suas funções inclusive no sistema imune, é pouco provável que uma simples restrição de vitamina B5 seja uma estratégia antitumoral viável, até porque a vitamina B5 é produzida também pela microbiota intestinal.

Porém, o estudo sugere que a vitamina B5 pode ser utilizada como um biomarcador de medicina personalizada, selecionando tumores que tendem a responder melhor a tratamentos inibidores de Myc.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s42255-023-00915-7

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