Mini bexigas artificiais podem melhorar o conhecimento e o diagnóstico da ITU

Por Docmedia

7 dezembro 2023

Há muitas décadas o diagnóstico da infecção do trato urinário (ITU) é feito com base nos sintomas, no exame de elementos anormais (EAS) e na urocultura do jato médio. Além disso, o tratamento dessas infecções sempre foi feito com antibióticos, sem nenhum tipo de evolução. Contudo, há um crescente consenso de que tal abordagem resulta de déficit de pesquisa por subfinanciamento e que tal situação precisa mudar.

Nesse contexto, a novidade no tema é um estudo de pesquisadores da University College London que buscou melhor entender a interação entre a microbiota do trato urinário, os patógenos e o tecido urotelial. O artigo em Science Advances conta que, para isso, a equipe desenvolveu um modelo experimental que funciona como uma mini bexiga.

Tratam-se fitas tridimensionais de tecido urotelial humano com oito camadas à semelhança da parede vesical. O tecido também é capaz de emitir sinais imunológicos por conter esse tipo de célula e possui uma barreira de muco entre as células e a urina. Ainda, esse tecido é cultivado em placas de plástico e banhado continuamente por urina, à semelhança do tecido urotelial humano.

Com o modelo em funcionamento, os pesquisadores o expuseram a diferentes cepas bacterianas, incluindo os patógenos Escherichia coli, Enterococcus faecalis, Pseudomonas aeruginosa, Proteus mirabilis, Streptococcus agalactiae e Klebsiella pneumoniae. Com essa estratégia, os pesquisadores observaram um verdadeiro campo de batalha de diversidade.

Foi observado que tanto cepas comensais como patogênicas desenvolvem estratégias para escaparem da exposição ao sistema imune, inclusive se utilizando da infiltração na parede urotelial. Um ponto digno de nota é que essas cepas patogênicas, quando infiltradas na parede, podem não serem diagnosticadas pelos atuais métodos disponíveis. Outro ponto é que sua posição de infiltração na parede pode posicioná-la de forma a ficar livre da ação de antimicrobianos administrados para tratar a infecção.

O estudo também descobriu que as células humanas se mostraram eficientes em distinguir bactérias patogênicas de bactérias comensais, independentemente de elas conseguirem invadir a parede da bexiga ou não. Afinal, todas as bactérias patogênicas efetivamente induziram a produção de resposta imune com produção de citocinas, diferentemente das comensais.

Segundo os autores, alguns dos insights do estudo apontam para futuros métodos de diagnóstico com base na distinção entre cepas patogênicas e não patogênicas aproveitando essa habilidade do organismo.

Outro ponto é que podem ser necessários novos antibióticos capazes de alcançar bactérias na parede vesical em infecções crônicas e recorrentes. Finalmente, o estudo reforça a necessidade de avanços no diagnóstico e tratamento das ITUs, pois os atuais são inadequados.

Quer saber mais?

Fonte: https://www.science.org/doi/10.1126/sciadv.adi9834

Total
0
Shares

Deixe uma resposta

Postagens relacionadas
%d blogueiros gostam disto: