Terapia de privação androgênica pode induzir plasticidade de linhagem no câncer de próstata

Por Docmedia

18 outubro 2022

Muitos cânceres de próstata são localizados e de crescimento lento, sequer precisando de tratamento efetivo fora a observação clínica ativa. Entretanto, parte desses tumores libera metástases à distância, quando a terapia de privação androgênica (TPA) passa a ser a principal opção de tratamento.

Ainda assim, esses tumores costumam voltar a progredir, o que os torna cânceres de próstata resistentes à castração (CRPC). Entender essa biologia dos CRPC é fundamental para melhor tratar esses pacientes e identificar aqueles com pior prognóstico.

A novidade é que pesquisadores da Universidade de Michigan sugerem que o medicamento mais utilizado na TPA pode induzir plasticidade na linhagem do câncer de próstata, reduzindo as chances de parte dos portadores. A publicação na Nature Communications conta que a equipe recrutou 21 portadores de câncer de próstata metastático e os submeteu a biópsias seriadas que incluíram o momento anterior à terapia com o inibidor da sinalização do receptor androgênico enzalutamida e após o tumor se tornar CRPC.

Essas amostras tiveram seu DNA sequenciado e sua expressão gênica investigada. Os dados gênicos mostraram que 18 pacientes evidenciaram pouca diferença inclusive no perfil de expressão gênica. A recorrência desses tumores manteve o câncer dependente da atividade do receptor androgênico, embora com mecanismos mais eficientes para utilizá-la. Tal via metabólica é chamada de transformação neuroendócrina (câncer de próstata neuroendócrino).

Deste modo, sugere-se que esses tumores continuem a mostrar algum benefício de terapias de bloqueio do receptor androgênico. Por outro lado, nos três pacientes restantes, os pesquisadores identificaram profundas modificações na expressão gênica que incluíram o fator de transcrição E2F1 e as vias ligadas ao stemness do tumor.

Tais alterações direcionam a biologia dessas CRPC na direção dos cânceres de próstata duplo negativo. Em outras palavras, esses tumores que sofreram plasticidade de linhagem passam a ser totalmente independentes do receptor androgênico para sua progressão.

Além disso, as alterações identificadas na expressão gênica dos três tumores que se tornaram duplo negativos foram semelhantes e tão marcantes que podem servir como biomarcador para identificar pacientes em maior risco de plasticidade de linhagem e pior prognóstico.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s41467-022-32701-6

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