Abordagem inovadora transforma o anticoncepcional masculino em uma realidade próxima

Por Docmedia

26 abril 2023

O planejamento familiar é um conceito vital que permite aos seres humanos desenvolverem toda a sua sexualidade ao mesmo tempo em que retira diversos tipos de ônus que podem acompanhar uma gestação indesejável. Mais que isso, no Brasil, o planejamento familiar é um direito constitucionalmente garantido. Entretanto, o arsenal de métodos anticoncepcionais à disposição ainda não é o ideal, o que é demonstrado pela realidade prática.

A novidade é que uma abordagem inovadora de pesquisadores da Universidade Weill Cornell anunciou importante avanço no desenvolvimento de um anticoncepcional masculino não hormonal. A publicação em Nature Communications conta que a inspiração inicial do estudo foram homens que são naturalmente inférteis porque seus espermatozoides apresentam mobilidade reduzida por deficiência genética em função de uma enzima específica, a adenil ciclase solúvel (sAC). Sem esta enzima, os gametas masculinos não conseguem desenvolver a mobilidade necessária para a fecundação do óvulo (astenozoospermia).

No estudo, um composto experimental desenvolvido para inibir o equivalente murino da sAC humana foi administrado a camundongos machos jovens saudáveis que, então, foram colocados para convivência com fêmeas da mesma espécie. Como esperado, os animais praticaram o coito sem que tenham sido observadas alterações na ereção ou ejaculação, ou qualquer outro tipo de efeitos colaterais.

Entretanto, outros experimentos flagraram o efeito do composto anticoncepcional se iniciando após 30 minutos da administração, com supressão significativa da mobilidade do esperma. Posteriormente, também não foram documentadas gestações como seria esperado. Além disso, a avaliação dos animais evidenciou que a supressão de mobilidade em grau suficiente para evitar a gravidez durou cerca de duas horas, com os animais absolutamente normais no dia seguinte.

Segundo os autores, se comprovado que a estratégia também é eficaz em humanos, seria um enorme avanço em termos de planejamento familiar. Uma estratégia não hormonal que evita os efeitos colaterais dos métodos medicamentosos disponíveis, além de ter um perfil de risco favorável. Os autores também lembram que um efeito observado nos homens inférteis com deficiência de sAC é a litíase renal.

Entretanto, a estratégia com dosagem esporádica apenas na iminência do ato sexual tende a mitigar esse quadro que necessita de meses ou anos contínuos de inibição enzimática para ocorrer. No momento, os pesquisadores se esforçam para desenvolver uma versão da molécula adequada para testes clínicos.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s41467-023-36119-6

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