Mecanismo ligado a neutrófilos essencial para impedir complicações cardiovasculares no diabetes

Por Docmedia

10 novembro 2023

Estima-se que em 2020 o diabetes afetava assombrosos 99,3% da população mundial, o equivalente a 463 milhões de pessoas entre 20 e 79 anos. Cerca de 7,5% desses indivíduos sofrerão eventos cardiovasculares maiores como infarto agudo do miocárdio (IAM) ou acidente vascular cerebral (AVC) durante a vida.

Esses eventos cardiovasculares responsáveis pela mortalidade no diabetes têm como característica a disfunção vascular provocada pelos altos níveis circulantes de glicose no sangue e pelo estresse oxidativo.

A novidade é que pesquisadores da Universidade de Michigan descobriram um mecanismo importante para o desenvolvimento da disfunção vascular no diabetes, o que poderia levar a novas alternativas de prevenção da mortalidade cardiovascular na doença. A publicação do grupo na revista Science Advances conta que o foco do trabalho da equipe foram estruturas produzidas por células imunes conhecidas como armadilhas extracelulares de neutrófilos (NETs).

Os NETs são compostos basicamente por cromatina nuclear descondensada e proteínas, sua eliminação normalmente implica na morte do neutrófilo emissor (netose). A liberação dos NETs é estimulada pela presença de patógenos, citocinas ou antígenos e faz parte do sistema de imunidade inata.

O problema se dá quando essa resposta de liberação de NETs é excessiva, já tendo sido este o mecanismo implicado na inflamação crônica presente em doenças reumatológicas autoimunes. Após estudos que também observaram um papel para NETs em excesso em complicações do diabetes como retinopatia e cicatrização de feridas, os pesquisadores de Michigan ficaram estimulados a investigar se o mesmo mecanismo poderia favorecer a disfunção vascular que o grupo já investigava há vários anos.

Em modelos murinos de diabetes, os pesquisadores comprovaram que os animais apresentavam um excesso de NETs conforme o esperado. Os ratos também tinham paredes de vasos sanguíneos que não se relaxavam normalmente, tornando-os mais suscetíveis à formação de placas ateromatosas que desencadeiam os IAMs e os AVCs. Por outro lado, quando o excesso de NETs foi eliminado, os animais diabéticos tinham vasos de aparência muito mais saudável que eram essencialmente indistinguíveis dos animais controle sem a doença.

Segundo os autores, seus resultados sugerem o excesso de NETs como fator importante no desenvolvimento da disfunção vascular que leva a eventos que promovem a mortalidade de causa cardiovascular. Além disso, fica sugerido que reverter o excesso de NETs pode ser uma forma de reduzir a disfunção vascular e suas complicações no diabetes.

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Fonte: https://www.science.org/doi/10.1126/sciadv.adj1019

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