Microvasculatura cerebral pode otimizar tratamento de doenças cerebrovasculares

Por Docmedia

11 maio 2023

Os acidentes vasculares cerebrais (AVC) são uma das principais causas de incapacidade e morte em todo o mundo. O bloqueio ou redução severa do fluxo sanguíneo reduz a entrega de oxigênio e nutrientes para as células cerebrais a jusante, causando-lhes a morte ou disfunção desencadeando processos inflamatórios que podem ampliar esses danos para áreas adjacentes.

Esses mesmos processos resultantes da interrupção do fluxo sanguíneo têm sido cada vez mais associados a quadros de disfunção cognitiva e demência, sendo o AVC a principal causa de demência vascular. Um corpo crescente de evidências sugere que a microvasculatura à jusante da obstrução principal também sofre alterações que podem ampliar o dano, mas, como essas alterações são difíceis de estudar, não há disponíveis quaisquer tratamentos para direcioná-las.

Agora, pesquisadores da Weill Cornell Medicine anunciaram um importante avanço neste tema. A publicação recente em Proceedings of National Academy of Sciences conta que o grupo utilizou métodos otimizados para investigar mudanças no perfil genômico das células da microvasculatura cerebral à jusante da obstrução em um modelo murino de AVC isquêmico. Deste modo, foi possível à equipe construir um mapa com 541 genes cuja expressão foi alterada nas células da microvasculatura em resposta à restrição de oxigênio e nutrientes.

Para reforçar esses achados, análises dos microvasos de tecido cerebral de doadores humanos que sofreram AVC passaram pelo mesmo escrutínio e mostraram o mesmo perfil de modificações. Além disso, a equipe dividiu os genes afetados em grupos conforme sua atividade funcional ou associação com doenças, identificando grandes grupos como inflamação geral, inflamação cerebral, doença vascular e disfunção vascular que resulta em alterações na permeabilidade da barreira hematoencefálica (BHE).

Nesse último aspecto, em particular, os pesquisadores identificaram tanto o enriquecimento da expressão de genes que enfraquecem a integridade da BHE quanto a regulação negativa de genes promotores de sua integridade. A análise também identificou disfunção em genes que controlam os níveis de esfingolipídios.

Essas moléculas estão fortemente envolvidas na regulação dos vasos sanguíneos, e sua disfunção é observada em acidentes vasculares cerebrais, na aterosclerose e na demência vascular. Outro destaque é que o estudo incluiu avaliações do potencial drogável dessas vias identificadas como disfuncionais nos pós-AVC.

Segundo os autores, algumas das vias identificadas no estudo já estão sendo alvo em outros estudos, o que talvez permita o reaproveitamento de fármacos eficazes já identificados para o tratamento de AVC, demência vascular e outras doenças. Por fim, algumas dessas alternativas potenciais já estão sendo exploradas pelo grupo em estudos pré-clínicos.

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Fonte: https://www.pnas.org/doi/10.1073/pnas.2205786120

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