Sobrepeso e obesidade sem diabetes:  semaglutida reduz  risco cardiovascular em 20%

Por Docmedia

21 dezembro 2023

Sobrepeso e obesidade poderão afetar até 50% da população mundial nos próximos anos e causar milhões de mortes por doenças cardiovasculares. Embora o excesso de peso seja um fator estabelecido de risco cardiovascular, a terapia padrão para prevenção cardiovascular, como tratar o colesterol alto, a hipertensão e o diabetes, não engloba tratamentos para a redução do peso corporal por falta de evidências nesse sentido.

A novidade é que um estudo de pesquisadores da Cleveland Clinic mostrou que o tratamento com semaglutida promove redução significativa de eventos cardiovasculares em pacientes com sobrepeso e obesidade, mas sem diabetes.

A semaglutida é um medicamento agonista do receptor GLP-1 aprovado prescrito para adultos com diabetes tipo 2, mas que também foi aprovado pela FDA para controle crônico de peso em adultos com obesidade ou sobrepeso e com pelo menos uma comorbidade relacionada ao peso.

A publicação no New England Journal of Medicine trouxe os resultados do estudo SELECT (Semaglutide and Cardiovascular Outcomes in Patient with Overweight or Obesity Who Do Not Have Diabetes), que recrutou participantes com 45 anos de idade ou mais que tinham doença cardiovascular pré-existente e um índice de massa corporal de 27 ou superior, mas sem histórico de diabetes.

Mais de 17.000 participantes em 41 países que já haviam sofrido infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral e/ou doença arterial periférica foram incluídos e acompanhados por uma média de 40 meses após serem designados aleatoriamente para receber injeções semanais de semaglutida 2,4 mg ou placebo. Todos os participantes também receberam tratamento padrão para doenças cardiovasculares, como medicamentos modificadores do colesterol, terapias antiplaquetárias, betabloqueadores e etc.

Após o período de acompanhamento, foi encontrada uma redução de 20% do risco de morte por evento cardiovascular (6,5% vs 8,0%), sendo que esta redução foi independente de sexo, idade, etnia e peso corporal basal dos participantes. Mais doentes interromperam o semaglutido (16,6%) do que o placebo (8,2%), devido principalmente a sintomas gastrointestinais, mas não foram registrados problemas de segurança.

Segundo os autores, uma limitação do estudo foi a inclusão apenas de participantes com doença cardiovascular prévia, de forma que o valor da estratégia na prevenção primária não foi estudado. Ainda assim, o estudo demonstra a eficácia de um novo caminho para reduzir o risco excessivo associado à obesidade de complicações cardiovasculares importantes e potencialmente mortais.

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Fonte: https://www.nejm.org/doi/10.1056/NEJMoa2307563

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