Inesperada imunoterapia reaproveitada de linfomas e sarcomas é eficaz no câncer de bexiga

Por Docmedia

13 fevereiro 2023

O câncer de bexiga é a sexta malignidade mais comum entre todas as pessoas e a quarta neoplasia mais comum em homens. Nos EUA, mais de 80.000 novos casos de câncer de bexiga são diagnosticados todos os anos. Infelizmente, as taxas de sobrevivência são absolutamente pobres para os casos de doença avançada.

A novidade é que pesquisadores Northwestern University descobriram uma nova terapia que mostrou os primeiros resultados animadores para esses casos. O artigo da equipe em Science Advances lembra que a mutação no gene EZH2 está entre as mais comuns em todos os tumores sólidos e que tumores das células uroteliais com atividades mais altas do EZH2 costumam ser mais proliferativos.

No estudo atual, os pesquisadores tentaram atacar a atividade do EZH2 com o fármaco tazemetostat, que regula negativamente o EZH2 e é utilizada no tratamento de linfomas e sarcomas raros. Tazemetostat foi utilizado em modelos murinos de câncer de bexiga e teve sua ação comparada ao não tratamento em um grupo semelhante de animais.

Como resultado, os tumores uroteliais dos camundongos tratados se mostraram muito menores que aqueles do grupo que não recebeu a droga. Entretanto, a principal descoberta feita pela equipe foi a de que os tumores do grupo de tratamento tinham infiltração de células imunes consistentemente maior que a encontrada nos animais que não receberam tazemetostat e mantinham a atividade inalterada do EZH2.

Com a atenção chamada por este fato, um segundo experimento envolveu o tratamento com tazemetostat em um modelo murino de câncer de bexiga em que as células T de defesa foram excluídas por manipulação genética. Neste grupo de animais, a regulação epigenética negativa do EZH2 foi ineficaz em conter o crescimento dos tumores, sinalizando que o principal mecanismo de ação antitumoral da droga envolve a ativação do sistema imune.

Mecanisticamente, o tazemetostat altera o tumor para preparar o sistema imunológico, ativando células auxiliares CD4 que coordenam a resposta imune e recrutam mais células T. Por fim, os autores ressaltam o fato de o tazemetostat ser um fármaco bem tolerado e administrado por via oral, o que é conveniente ao tratamento. Por tudo isso, atualmente está em curso um ensaio clínico nacional da Northwestern investigando o tazemetostat em pacientes com câncer de bexiga avançado.

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Fonte: https://www.science.org/doi/10.1126/sciadv.abo8043

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