Hidrogel anti-inflamatório brasileiro tem potencial para melhorar cicatrização de feridas diabéticas

Por Docmedia

27 novembro 2023

Em indivíduos saudáveis, a lesão da pele desencadeia imediatamente uma sequência de eventos que levam à cura. O sangramento é controlado pela agregação plaquetária, seguindo-se a ação do sistema de coagulação na qual é progredido pela formação de novas células sanguíneas e deposição de colágeno.

Em portadores de diabetes, contudo, níveis elevados de açúcar no sangue aumentam a produção de espécies reativas de oxigênio, que exacerbam a inflamação e prejudicam a formação de vasos sanguíneos e o processo de regeneração.

A consequência são lesões cutâneas crônicas e de difícil resolução, que passam a ser sede de novas complicações. Deste modo, a perseguição de estratégias que permitam melhor cicatrização das lesões cutâneas em portadores de diabetes é uma necessidade.

Nesse contexto, é muito bem-vindo o trabalho de pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (UNIFESP) relatando o desenvolvimento de um hidrogel com propriedades que facilitam a cicatrização cutânea em portadores de diabetes. A publicação do grupo na revista Biomedicine & Pharmacotherapy conta que hidrogéis biológicos têm sido utilizados com sucesso para acelerar a cicatrização de feridas, proporcionando um ambiente úmido e estéril.

No trabalho atual, a equipe da UNIFESP agregou ao seu hidrogel uma proteína chamada anexina A1 (AnxA1). Sabe-se que a AnxA1 é uma proteína que em estudo anterior do grupo revelou estar envolvida na regulação da inflamação e da proliferação celular.

A ideia dos pesquisadores é que o novo hidrogel module o microambiente na ferida e direcione a reação imune no tecido lesado para a regeneração. Para testar essas impressões, foi utilizado um modelo murino de ferida cutânea induzida por biópsia em camundongos portadores de diabetes tipo 1 também induzido.

Parte dos animais teve o processo de cicatrização acompanhado sem intervenção e serviu como controle, ao passo que o restante dos animais recebeu a aplicação do hidrogel com AnxA1. No grupo do hidrogel, o infiltrado inflamatório na ferida foi reduzido já no terceiro dia e a cicatrização completa se deu após 14 dias, ao passo que nos animais controle a inflamação na ferida perdurou além do terceiro dia e o fim do processo de cicatrização foi estendido.

Adicionalmente, a análise imuno-histoquímica mostrou uma melhora na regeneração tecidual devido a proliferação de queratinócitos, quantidades reduzidas de macrófagos e níveis aumentados de fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) que estimularam a formação de novas células sanguíneas.

Finalmente, o hidrogel também se mostrou seguro e biocompatível no ensaio de citotoxicidade. Com tais resultados, os pesquisadores destacam o potencial do produto para a cicatrização de feridas cutâneas em diabéticos e ressalta seu baixo custo de produção.

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Fonte: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0753332223010211?via%3Dihub

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