Estudo traz novas perspectivas sobre a influência genética na demência vascular

Por Docmedia

17 outubro 2023

O termo demência vascular engloba um grupo de distúrbios neurodegenerativos com declínio progressivo da cognição e memória, nos quais a perda neuronal decorre de lesões vasculares que comprometem o fornecimento de sangue ao tecido cerebral.

A abordagem atual da doença, que não é curável, se fundamenta no controle de fatores de risco hipertensão arterial, hipercolesterolemia, diabetes mellitus e tabagismo. Entretanto, é ponto pacífico que a existência de biomarcadores capazes de identificar as pessoas em risco de demência vascular permitiriam a aplicação mais precoce e eficaz dessas medidas preventivas.

A novidade é que um estudo de pesquisadores da Universidade de Genebra, na Suíça, e colegas do Istituto Centro San Giovanni di Dio Fatebenefratelli, na Itália, afirmam terem identificado um biomarcador com potencial para fazer tal função. A publicação do grupo na revista Alzheimer’s & Dementia conta que o foco do trabalho foi a proteína receptora ligada a quimiocinas (CCR5), um mensageiro químico do sistema imunológico.

No estudo, foram investigadas variações nos genes CCR5 e apolipoproteína E (ApoE) num grupo de 362 pessoas, sendo 205 sem demência e 189 com demência, que concordaram em fornecer amostras de sangue anualmente durante um período de cinco anos. As descobertas foram posteriormente verificadas em uma coorte italiana com 157 indivíduos sem demência e 620 indivíduos com demência, consolidando a robustez da descoberta.

Foi visto também que o CCR5 desempenha um papel crucial na resposta das células cerebrais ao estresse oxidativo que termina por causar a morte neuronal. Também foi encontrada uma ligação entre uma variante genética específica do CCR5 e a  ApoE também conhecida pelo seu papel na demência relacionada à idade.

Na prática, pessoas em torno dos 80 anos que carregam essa carga genética específica apresentam risco onze vezes maior de desenvolver demência vascular que seus pares da mesma idade sem essa combinação.

Segundo os autores, suas descobertas são importantes por oferecerem uma oportunidade precoce de identificação dos indivíduos em risco, potencialmente otimizando o resultado da instituição precoce das medidas preventivas. Além disso, o novo conhecimento pode servir de base para o desenvolvimento de novas estratégias de cunho terapêutico.

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Fonte: https://alz-journals.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/alz.13392

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