Estudo encontra link entre alterações no microbioma intestinal e doença de Alzheimer

Por Docmedia

5 maio 2023

A doença de Alzheimer é a forma de demência mais comum em todo o mundo. Infelizmente, mesmo toda a pesquisa no tema não foi capaz de identificar uma abordagem terapêutica capaz de modificar significativamente a evolução natural da doença.

Estudos mais recentes sugerem que a disbiose da microbiota intestinal está relacionada à ocorrência de doenças neurodegenerativas, inclusive doença de Alzheimer, por meio de processos neuroinflamatórios no eixo microbiota-intestino-cérebro. Identificar as bases genéticas das mudanças na abundância do microbioma e seus efeitos sobre a doença pode causar alterações no estilo de vida que podem reduzir o risco de indivíduos desenvolverem Alzheimer.

Nesse contexto, pesquisadores da Universidade de Nevada identificaram uma correlação entre espécies específicas do microbioma e doença de Alzheimer. A publicação em Scientific Reports lembra que já foi mostrado que portadores de Alzheimer possuem a diversidade da microbiota significativamente reduzida em comparação a pessoas sem a doença.

Para se aprofundarem no tema, os pesquisadores utilizaram inicialmente uma coorte com 1.278 casos de Alzheimer e 1.293 controles saudáveis. Os pesquisadores usaram pontuações de risco poligênico, uma avaliação de risco baseada em correlações genéticas conhecidas com doenças, de 119 espécies do microbiomas para cada indivíduo da coorte. Entre as 20 espécies significativas, seis foram identificadas como prováveis espécies de risco e as outras 14 espécies apareceram como potencialmente protetoras para o diagnóstico de Alzheimer.

Para espécies protetoras, 11 de 14 eram do filo Firmicutes, duas eram de Actinobacteria e uma era de Bacteroides (Prevotella 9). O gênero protetor mais significativo foi Intestinibacter. Em seguida, esses resultados foram aplicados a uma segunda coorte do estudo GenADA com 799 doentes de Alzheimer e 778 controles.

Embora os dados desta segunda coorte tenham variado para os da primeira em alguns aspectos, as quatro espécies com correlações que se sobrepuseram de forma significativa apontaram associações significativas com uma versão específica do genótipo APOE rs429358-C.

Segundo os autores, Collinsella, do filo Actinobacteria, foi identificado como um fator de risco para a doença de Alzheimer nas amostras de descoberta e replicação, tendo associações mais significativas com o genótipo APOE em rs429358-C. Adicionalmente, estudos anteriores descobriram que a Collinsella se correlaciona com níveis séricos mais altos de colesterol total e colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL) em adultos saudáveis, outra alteração associada a maior risco da doença.

Por fim, os autores afirmam que estudos futuros são necessários para explorar a relação entre Collinsella, metabolismo lipídico e sinais pró-inflamatórios no sistema nervoso central para elucidar como sua interação influencia a doença de Alzheimer.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s41598-023-31730-5

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