Novo estudo modifica perspectiva das terapias senolíticas

Por Docmedia

28 novembro 2022

As células senescentes são células dos órgãos e tecidos que perderam a capacidade de se multiplicarem durante o processo de envelhecimento. No decorrer da vida, os organismos acumulam progressivamente essas células que passam a secretar um coquetel de mediadores químicos relacionados à inflamação e doenças que incluem o câncer, artrite e doença de Alzheimer. Essas células foram a inspiração para o ramo de medicina do envelhecimento que visa combater doenças eliminando-as por meio das drogas chamadas senolíticas.

A novidade é que pesquisadores da Universidade da Califórnia (San Francisco) descobriram novas funções dessas células que requerem toda uma nova visão sobre a terapia do envelhecimento de uso de drogas senolíticas. A publicação recente na revista Science conta que o diferencial do trabalho foi supor uma diferença entre a biologia das células senescentes em cultura, utilizadas em pesquisa, e sua real atuação em tecidos vivos.

Para verificar isso, os pesquisadores desenvolveram uma nova técnica de marcação celular, de forma a conseguirem acompanhar o desenvolvimento das células senescentes no tecido in vivo. A nova técnica consiste em melhorar a ligação entre o gene p16, um biomarcador ativo de células senescentes, com a proteína fluorescente verde (GFP), amplificando o sinal de fluorescência e tornando possível o rastreio das células portadoras de p16 no tecido.

Após a técnica ser aplicada em camundongos, foi visto que essas células existem em tecidos jovens e saudáveis logo após o nascimento e em quantidades maiores que o estimado anteriormente. Além disso, as células senescentes secretam fatores de crescimento específicos destinados a ativar células-tronco que promovem a regeneração dos tecidos em que estão inseridas.

Experimentos específicos com tecido pulmonar in vivo mostraram as células senescentes fluorescentes ao lado de células-tronco compondo a função de barreira e ajudando a reparar danos nesta interface dinâmica de troca gasosa. Posteriormente, quando os animais estudados receberam drogas senolíticas que mataram as células fluorescentes, foi visto que a reparação de danos ao tecido foi comprometida.

Pulmão, intestino delgado, cólon e pele foram locais em que as células senescentes foram encontradas compondo a função de barreira e auxiliar de reparos. Segundo os autores, isto sugere que a pesquisa senolítica a partir de agora deve focar em direcionar corretamente as células senescentes prejudiciais, mas preservando aquelas voltadas para a regeneração.

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Fonte: https://www.science.org/doi/10.1126/science.abf3326

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