Estudo encontra curiosa associação entre toxoplasmose e fragilidade em idosos

Por Docmedia

22 novembro 2023

Retirando-se o período gestacional, quando a infecção pelo parasita Toxoplasma gondii pode causar sérios danos ao feto em desenvolvimento, esse tipo de infecção não costuma ser um transtorno. A grande maioria dos adultos a adquire de forma assintomática durante a vida, com essa taxa saltando de 11% em adultos jovens para até 65% em idosos.

A novidade é que um esforço conjunto de pesquisadores da Universidade do Colorado, da Universidade de Maryland e da Universidade de La Corunha identificaram uma associação positiva entre a infecção por T. gondii em idosos e a prevalência da chamada síndrome da fragilidade nesses indivíduos. A publicação do grupo em Journals of Gerontology Series A: Biomedical Sciences and Medical Sciences conta que tal conclusão é fruto de um estudo que recrutou 601 adultos espanhóis e portugueses com mais de 65 anos.

Todos os participantes forneceram amostras de sangue para a identificação da infecção por T. gondii, juntamente com medidas de uma síndrome geriátrica comum conhecida como fragilidade. A fragilidade é uma síndrome clínica que acomete mais comumente indivíduos mais velhos, mas não exclusivamente, e que inclui perda de peso não intencional, cansaço, perda de massa e força muscular, perda de acuidade cognitiva e outras indicações de declínio da saúde e maior risco de morbimortalidade.

Nesta coorte, 67% dos participantes mostravam indicadores sorológicos de infecção latente pelo T. gondii. Contudo, ao contrário do que os pesquisadores imaginaram, a simples evidência de infecção pelo parasita não mostrou relação com maior risco de sinais clínicos de fragilidade. Por outro lado, ao verificarem a serointensidade, ou seja, os níveis quantitativos de anticorpos, os pesquisadores verificaram que os participantes com maior serointensidade, ou seja, maiores níveis de anticorpos, tinham sim mais tendência a exibirem sinais clínicos de fragilidade.

Na prática, uma serointensidade mais elevada pode refletir uma infecção mais virulenta ou disseminada, infecções múltiplas ou reativação recente de uma infecção latente.

Segundo os autores, o artigo é importante pois demonstra de forma inédita uma associação entre o status sorológico quantitativo da infecção por T. gondii e o risco de fragilidade em indivíduos mais velhos. Outro achado foi que pessoas frágeis com alta soropositividade para T. gondii também apresentavam níveis mais elevados de certos marcadores inflamatórios, sugerindo que a infecção pelo parasita poderia exacerbar a inflamação que já ocorre com o envelhecimento.

Com tais resultados, os autores ressaltam que o novo estudo não prova que a exposição ao T. gondii causa fragilidade, mas antes identifica uma associação convincente que merece um estudo mais aprofundado. Provavelmente, faz sentido incentivar que idosos tomem medidas para evitar novas infecções por T. gondii.

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Fonte: https://academic.oup.com/biomedgerontology/advance-article/doi/10.1093/gerona/glad228/7334598?login=false

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