Envelhecimento saudável pode estar relacionado a ciclos de jejum e realimentação

Por Docmedia

8 janeiro 2024

Estudos mostram que intervenções de jejum, que acabam por intercalar períodos sem alimentação com períodos em que esta é restabelecida, resultam em melhorias metabólicas que se traduzem em benefícios à saúde. É o caso, por exemplo, do metabolismo glicêmico, favorecido por períodos de jejum intermitentes, contudo, o mesmo tipo de benefício não é evidente em indivíduos mais velhos.

A novidade é que um estudo coordenado por pesquisadores do Instituto Max Planck de Biologia mostrou que em indivíduos mais velhos ocorre um desvio metabólico que deixa os tecidos em permanente estado de jejum, mesmo que ocorra alimentação no período. A publicação do grupo na revista Nature Aging conta que as descobertas do estudo foram feitas utilizando experimentos em um tipo de peixe com um ciclo curto de vida, significando que passam de jovens a idosos em apenas alguns meses, o killifish.

Inicialmente, os pesquisadores submeteram os animais a períodos intercalados de jejum e realimentação em diferentes idades. Esse procedimento evidenciou que os benefícios dos ciclos de jejum e realimentação que eram vistos em animais mais jovens não eram reproduzidos nos animais mais velhos.

Ao analisarem o tecido adiposo dos peixes, que é um tecido que reage mais fortemente às variações alimentares e possui grande importância no controle do metabolismo, os pesquisadores descobriram que o tecido adiposo dos animais mais velhos se torna menos responsivo ao ciclo de jejum-realimentação.

Essa menor responsividade se traduziu em modificações para um estado constante ao que se vê durante o jejum, ou seja, o metabolismo energético é interrompido, a produção de proteínas é reduzida e o tecido não é renovado. E isso ocorria mesmo que os animais idosos fossem alimentados.

Ao compararem a expressão gênica nos tecidos adiposos jovens e maduros, os pesquisadores descobriram que a principal diferença entre os dois estava nos níveis da proteína AMP quinase. Essa proteína é uma enzima que funciona como um sensor de energia celular e é composta por diferentes subunidades, das quais a atividade da subunidade y1 diminui com a idade.

Quando os cientistas aumentaram a atividade desta subunidade através de manipulação genética, o estado de jejum foi neutralizado e os peixes idosos apresentaram melhor saúde e até maior longevidade. Curiosamente, os pesquisadores também descobriram, ao analisarem amostras de tecido de idosos humanos, que a subunidade y1 da AMP quinase reduz com a idade e que idosos com menores concentrações desta proteína tinham maior propensão a apresentarem fragilidade.

Segundo os autores, seu próximo objetivo é identificar moléculas que possam ativar a expressão tecidual de AMP quinase y1 e verificar se esse tipo de intervenção pode promover um envelhecimento mais saudável em humanos.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s43587-023-00521-y

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