A doença cardiovascular é a principal causa de morte em todo o mundo. De fato, todos os órgãos e tecidos sofrem algum grau de degeneração durante o processo de envelhecimento. Isto torna a disfunção estrutural cardíaca relacionada à idade um alvo de interesse para a pesquisa médica. Nesse contexto, pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Diego anunciaram a identificação de alvos terapêuticos potenciais para combater o envelhecimento e a disfunção cardíaca.
O artigo publicado na revista Nature Aging conta que as descobertas se deram no bojo de um estudo com moscas de fruta (Drosophila melanogaster). O animal foi escolhido por ser um modelo acessível para a pesquisa do envelhecimento, já que possui genética simples e de fácil replicação, compartilha cerca de 82% do proteoma cardíaco com os humanos e possui um ciclo de vida curto, entre 6 e 8 semanas.
O trabalho foi iniciado pela microdissecção dos corações das moscas em diferentes idades e investigação com microscopia confocal e imunofluorescência. Deste modo, a equipe observou que o envelhecimento provocava redução de tamanho e mudança de forma no núcleo dos cardiomiócitos. Também foi visto que a mudança identificada resultava em enrijecimento e disfunção na contratilidade do músculo cardíaco.
Experimentos de análise genética identificaram nessas células envelhecidas menor expressão do gene que codifica a proteína lamin-C que se acredita associada à estabilidade nuclear, manutenção da estrutura da cromatina e controle da expressão gênica. A equipe também identificou um papel para os fatores de transcrição cardíaca na regulação da contratilidade do coração, uma vez que a redução da expressão de lamin-C regula negativamente fatores de transcrição miogênicos e de manutenção do citoesqueleto.
Posteriormente, experimentos mostraram que a manutenção da expressão de lamin-C e dos fatores de transcrição cardíaca foram suficientes para prevenir o declínio cardíaco relacionado à idade das moscas. Um mecanismo homólogo envolvendo a proteína lamin-AC codificada pelo gene LMNA em mamíferos foi também comprovado pela equipe em camundongos e primatas não humanos.
Segundo os autores, o conjunto desses resultados traz esperança de que estratégias futuras para manter a atividade de lamin-C e dos fatores de transcrição cardíacos possam ser um caminho viável para prevenir ou retardar o envelhecimento cardíaco em humanos.
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