Microbioma, consumo de carne vermelha e risco cardiovascular em idosos

Por Docmedia

14 outubro 2022

Doenças cardiovasculares e perda de massa muscular são duas condições que com muita facilidade podem coexistir em indivíduos idosos. A prevenção do risco cardiovascular requer a adoção de um conjunto de hábitos de vida que inclui atividade física, abstenção do tabagismo e uma dieta saudável, entendida como aquela pobre em carne vermelha e processada, rica em frutas, legumes, vegetais e grãos integrais.

Por outro lado, são exatamente esses indivíduos que podem se beneficiar de maior consumo de proteína animal visando o ganho de massa muscular. Pesquisadores da Universidade Tufts e da Cleveland Clinic entenderam a importância de compreender os impactos do consumo de carne vermelha nesses indivíduos e anunciaram importantes descobertas.

A publicação em Arteriosclerosis, Thrombosis, and Vascular Biology (ATVB) lembra que a relação entre doença cardiovascular e gordura saturada, colesterol dietético, sódio, nitritos e até cozimento em alta temperatura já foi muito estudada e não encontrou evidências robustas. O estudo atual do grupo investigou dados do National Institutes of Health (Cardiovascular Health Study) de 3.931 pessoas do com mais de 65 anos (média de 73 anos) e os acompanhou por uma média de 12,5 anos.

O foco do trabalho foram dados dietéticos autorrelatados e dosagem de biomarcadores sanguíneos no início do estudo (linha de base) e durante o acompanhamento. Os biomarcadores incluíram metabólitos derivados do microbioma intestinal durante a digestão da carne vermelha e produtos derivados, entre os quais N-óxido de trimetilamina (TMAO) e dois de seus intermediários, gama-butirobetaína e crotonobetaína, derivada da L-carnitina, abundante em carne vermelha.

Quando esses dados foram cruzados com a ocorrência de doença cardiovascular aterosclerótica (DCA), foi descoberto que o maior consumo de carne vermelha, carne processada e produtos de origem animal no geral implicou em maior risco de DCA. Essas associações foram em parte (8-11%) mediadas pelos níveis plasmáticos de TMAO, gama-butirobetaína e crotonobetaína.

Outra parte dessas associações foi mediada pela glicemia, insulinemia e, para carnes processadas, pela inflamação. Por outro lado, os níveis pressóricos, de colesterol e o consumo de aves, peixes e ovos não tiveram relação com aumento de DCA.

Segundo os autores, as descobertas são importantes ao identificarem mecanismos de ligação entre o consumo de carnes e o risco de DCA e também porque os níveis de TMAO e seus metabólitos podem ser comprovadamente reduzidos por intervenções dietéticas ou até mesmo por novos fármacos desenvolvidos a partir deste novo conhecimento.

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Fonte: https://www.ahajournals.org/doi/10.1161/ATVBAHA.121.316533

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