Estudo desvenda mecanismo crítico para o envelhecimento vascular e neurodegeneração

Por Docmedia

15 fevereiro 2024

Uma consequência do processo fisiológico de envelhecimento é o declínio de diferentes funções orgânicas, aí incluída a função vascular. O envelhecimento dos vasos sanguíneos termina por promover dificuldades ao fluxo sanguíneo e à perfeita nutrição dos tecidos.

No sistema nervoso central, o fenômeno leva à demência cerebrovascular, condição em que o declínio da função vascular leva à neurodegeneração e declínio cognitivo. Embora o fenômeno da demência cerebrovascular seja conhecido, os mecanismos subjacentes ainda não foram completamente explicados.

Nesse contexto, é importante o novo estudo de pesquisadores da Northwestern Medicine relatando a identificação de um mecanismo crítico para o envelhecimento vascular. A publicação do grupo no Journal of Clinical Investigation conta que o foco inicial do trabalho era identificar modificações na vasculatura cerebral associadas ao envelhecimento natural.

Para isso, os pesquisadores estudaram amostras de vasos cerebrais humanos e vasos cerebrais de camundongos selvagens jovens e idosos. Utilizando transcriptômica de unicelular como método de investigação, a equipe descobriu que a principal diferença entre os vasos cerebrais dos camundongos jovens em relação aos animais idosos foi a queda substancial na atividade da via de sinalização Notch3.

A sinalização Notch3 constitui um dos quatro receptores Notch, que são essenciais para o desenvolvimento celular e a resposta ao estresse. A partir desta informação, análises transcriptômicas adicionais e exames de ressonância magnética dos vasos sanguíneos de camundongos e humanos revelaram que a redução na sinalização Notch3 alterou a regulação do cálcio e tornou disfuncional o tônus vascular, o que contribuiu para múltiplas deficiências vasculares que incluem dilatação, microaneurismas e diminuição do fluxo sanguíneo para o cérebro.

Esse processo também prejudicou o sistema linfático cerebral responsável pela depuração de detritos e toxinas no tecido cerebral. Outro ponto que reforça as descobertas do grupo são pacientes com arteriopatia cerebral autossômica dominante com infartos subcorticais e leucoencefalopatia (CADASIL), um tipo raro de demência vascular hereditária, que também apresentam mutações Notch3 com prejuízo de função como ponto central de sua patogênese.

Com tais resultados, os autores consideram que a atividade Notch3 pode ser utilizada como um biomarcador de envelhecimento vascular e estão interessados em estudos que avaliem se o aumento da atividade da sinalização Notch3 pode redirecionar de forma benéfica o processo de envelhecimento vascular.

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Fonte: https://www.jci.org/articles/view/166134

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