Eficiência com ineficiência para melhorar a saúde

Por Docmedia

5 abril 2023

Durante toda a vida recebemos como orientação geral que se tente ser o mais eficiente possível. Seja na execução de tarefas triviais, na profissão ou na gestão do tempo, a busca pela eficiência é sempre um norte. Em termos de saúde, um bom indicador de eficiência é o enquadramento nas principais diretrizes da Organização Mundial da Saúde para uma vida saudável.

Ao lado de boa qualidade do sono e uma alimentação saudável, a OMS recomenda que adultos realizem semanalmente 150 a 300 minutos de atividade física moderada ou 75 a 150 minutos de atividade física intensa como forma de maximizar benefícios e mitigar riscos à saúde. Entretanto, atingir essa meta é difícil e os níveis de atividade física na população não têm visto mudança nos últimos 20 anos.

A novidade é que pesquisadores da Universidade Estadual do Arizona e colegas da Universidade Estadual do Kansas e da Universidade da Virgínia agora afirmam que ser ineficiente pode ser uma maneira mais acessível de alcançar essas metas de eficiência em saúde. A afirmação é fruto de um trabalho publicado no British Medical Journal comparando a taxa de gasto energético entre diferentes modalidades de caminhada. Basicamente, a equipe recrutou e testou um grupo de 13 adultos saudáveis (6 mulheres e 7 homens), com idades entre 22 e 71 anos e sem histórico de doença cardíaca, pulmonar ou distúrbios da marcha conhecidos.

Todos realizaram três provas de caminhada em um percurso de 30 metros, sendo uma das tentativas com o estilo habitual de caminhar e as duas seguintes imitando o modo de andar do personagem Mr. Teabag ou Putey do filme Monty Phyton, interpretado pelo ator John Cleese, ambas de baixa eficiência energética. Paralelamente, foram medidos o consumo de oxigênio (mL/kg/min), o gasto de energia (kcal/kg/min) e a intensidade do exercício (METs) durante cada tentativa.

Em comparação à caminhada normal, apenas a tentativa no estilo Mr. Teabag resultou em um gasto calórico 2,5 vezes maior. Do mesmo modo, Mr. Teabag provocou um consumo de oxigênio de 27,9 mL/kg/min, ou 8 METs, o que se qualifica como exercício de intensidade vigorosa, ao passo que os outros estilos de caminhada mostraram resultados similares com menos da metade do consumo de oxigênio.

Segundo os autores, o estilo ineficiente de caminhada Mr. Teabag pode permitir que adultos alcancem a meta de 75 minutos de atividade física semanal intensa com a prática de apenas 11 minutos por dia. É a ineficiência literalmente produzindo eficiência.

Quer saber mais?

Fonte: https://www.bmj.com/content/379/bmj-2022-072833

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