Estudo desenvolve alternativa para produção de probiótico voltado ao diabetes tipo 2

Por Docmedia

6 setembro 2023

O intestino humano abriga trilhões de bactérias cuja importância tem se tornado cada vez mais evidente nos últimos anos. Estudos documentaram uma série de modificações qualitativas e quantitativas neste conjunto de bactérias intestinais, o microbioma intestinal. Modificações no perfil do microbioma foram tanto relacionadas ao envelhecimento e perda progressiva de função como ao desenvolvimento de determinadas patologias. Nesse contexto, medicamentos probióticos têm sido vistos como um potencial veículo para manipulações do microbioma visando melhorar a saúde ou combater doenças.

A novidade é que um estudo de pesquisadores da Universidade de Gotemburgo parece ter conseguido superar um importante entrave para a produção de determinados medicamentos probióticos. A publicação na revista Nature lembra que a enorme maioria das cepas bacterianas presentes no microbioma intestinal é composta por espécies estritamente anaeróbicas. Esse é um obstáculo importante para a produção de probióticos visando abordagens de suplementação de uma cepa quando esta ou seus metabólitos estão relacionados ao aparecimento de uma condição patológica uma vez que os germes morrem logo após a exposição ao oxigênio e o medicamento acaba por não conseguir fazer a reposição da microflora no quantitativo desejado.

O estudo atual teve como tema central uma cepa bacteriana ordinariamente anaeróbica chamada Faecalibacterium prausnitzii. Estudos anteriores mostraram que F. prausnitzii é uma importante produtora do ácido graxo de cadeia curta butirato que possui potente efeito anti-inflamatório. Também já foi demonstrado que F. pausnitzii tem sua prevalência reduzida no microbioma intestinal de portadores de intolerância à glicose, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.

A ideia central dos pesquisadores é reposicionar o quantitativo habitual desta bactéria no microbioma dos portadores, esperando reverter os mecanismos que levam ao desenvolvimento dessas patologias associadas. E aqui novamente se põe a dificuldade em produzir probióticos que reponham adequadamente cepas estritamente anaeróbicas como F. prausnitzii. Ocorre que a equipe de Gotemburgo descobriu que ao cultivar F. prausnitzii em conjunto com a bactéria Desulfovibrio piger, um maior contingente de F. prausnitzii foi preservado.

Segundo a equipe, isso se deve a uma interação simbiótica entre os dois germes que é favorável ao crescimento e função da primeira. Posteriormente, os pesquisadores conseguiram, em um ambiente eletroquímico favorável, isolar Faecalibacterium prausnitzii mais tolerante ao oxigênio. Em colaboração com a Universidade de Gotemburgo, pesquisadores da empresa BioGaia estão agora introduzindo essas cepas bacterianas melhoradas em um composto probiótico.

Os primeiros testes já definiram que a co-cultura utilizada resultou em aumento da biomassa e da produção de butirato. O produto também se mostrou seguro em humanos. O próximo e determinante passo é avaliar como o probiótico pode afetar o controle glicêmico em pré-diabéticos.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s41586-023-06378-w

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