Pesquisa identifica probiótico protetor contra a esclerose lateral amiotrófica

Por Docmedia

10 abril 2023

A esclerose lateral amiotrófica (ELA) é um transtorno neurodegenerativo progressivo do neurônio motor que costuma levar à morte em cerca de 3 a 5 anos após o diagnóstico. Assim como em relação a outras doenças neurodegenerativas, estudos sugerem que alterações na composição do microbioma intestinal participam do início da progressão da doença. Exatamente por isso o estudo de suplementos probióticos contendo cepas bacterianas identificadas como neuroprotetoras tem sido um foco de atenção dos pesquisadores.

Nesse contexto, a novidade é a identificação recente de uma cepa com efeito protetor contra ELA por pesquisadores da Universidade de Montreal. A publicação na revista Communications Biology conta que o modelo utilizado no estudo foi o verme nematódeo Caenorhabditis elegans, que partilha cerca de 60% da composição gênica com os seres humanos.

Os animais do estudo foram ainda geneticamente manipulados com a incorporação de genes associados à ELA. Na sequência, a alimentação dos vermes foi suplementada com suplementos probióticos contendo 13 diferentes cepas bacterianas e três outros contendo combinações dessas cepas. Curiosamente, uma das cepas, a HA-114 (Lacticaseibacillus rhamnosus) mostrou ação surpreendentemente destacada das demais.

Os animais suplementados com HA-114 mostraram parada na progressão da degeneração do neurônio motor, o que resultou na melhora dos distúrbios motores nos vermes tratados em comparação com os controles. O sequenciamento genômico dos animais tratados permitiu aos pesquisadores identificar a ação de dois genes, acdh-1 e acs-20, como os prováveis responsáveis pelo efeito neuroprotetor da suplementação com HA-114.

Ambos os genes estão envolvidos no metabolismo lipídico e na beta-oxidação, processo que degrada os ácidos graxos nas mitocôndrias para a produção de energia. Deste modo, o freio promovido por HA-114 na neurodegeneração vista na ELA resulta na normalização da função mitocondrial.

Segundo os autores, os resultados são significativos, principalmente porque os suplementos probióticos costumam mostrar poucos efeitos colaterais. No momento, a equipe ratifica seus resultados em um modelo animal mais complexo, o camundongo, enquanto um ensaio clínico com 100 participantes é planejado para o ano de 2023.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s42003-022-04295-8

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