Estudo busca otimizar o diagnóstico antenatal do acretismo placentário

Por Docmedia

20 março 2023

Quando o tema é mortalidade materna, uma tríade de condições que inclui hipertensão, infecção e hemorragia é responsável pela imensa maioria das mortes em todo o mundo. Dentre as causas de hemorragia no período periparto, o acretismo placentário ganha importância porque os métodos utilizados para seu diagnóstico deixam de diagnosticar estimados 30 a 50% dos casos. Atualmente, essas pacientes dependem da realização de um histórico focado em fatores de risco, como cesariana anterior, e da realização de exames de imagem com a ultrassonografia e a ressonância magnética.

A novidade é que pesquisadores do Brigham and Women’s Hospital estão trabalhando para a criação de um exame sanguíneo capaz de detectar o acretismo precocemente na gestação. A publicação do grupo em Scientific Reports lembra que o acretismo placentário envolve uma miríade de diferentes graus de invasão do sítio de inserção placentário sobre a parede uterina. Deste modo, a condição pode significar apenas algum grau de dificuldade na extração placentária ou situações muito mais graves.

No outro extremo, a placenta percreta pode invadir toda a espessura da parede uterina para se fixar em órgãos adjacentes como a bexiga ou alças intestinais, o que aumenta exponencialmente o risco de sangramento de grande volume. Infelizmente, o principal respaldo para essas gestantes é que seus diagnósticos sejam feitos antes do parto, permitindo que estes ocorram em centros de saúde com o necessário suporte de infraestrutura e equipe experimentada.

O novo estudo buscou uma abordagem de diagnóstico precoce focando no perfil de proteínas de micropartículas circulantes na corrente sanguínea materna. Essas proteínas de micropartículas circulam em pequenas vesículas extracelulares (CMPs) que participam do processo de comunicação intercelular. Os pesquisadores focaram nos CMPs liberados na interface materno-fetal em uma coorte de gestantes construída a partir de casos-controle.

A análise das CMPs de 35 pacientes com acretismo placentário e 70 gestantes sem a condição diagnosticada retroativamente permitiu a identificação de um grupo de proteínas exclusivas do acretismo placentário. Quando as amostras de sangue foram colhidas com 26 semanas de gestação, cinco proteínas diferenciaram as portadoras de acretismo das controles, um número que foi reduzido para quatro proteínas na trigésima quinta semana gestacional.

Segundo os autores, os próximos passos são estudos em grupos maiores e a criação de um teste comercial padronizado.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s41598-022-24869-0

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