Estudo confirma efeitos deletérios de longo prazo da monocorionicidade

Por Docmedia

24 julho 2023

A gravidez gemelar pode se originar de apenas um zigoto que se dividiu (monozigótica) ou então de mais de um zigoto (dizigótica). O primeiro grupo gera gêmeos geneticamente diferentes e que sempre são nutridos pela respectiva placenta. Já o segundo grupo, dependendo do momento em que a separação ocorre, pode fazer com que os dois gêmeos compartilhem a placenta (monocorionicidade). As gestações monocoriônicas são aproximadamente 20% das gestações gemelares e são conhecidas por maior grau de complicações como a síndrome de transfusão feto-fetal (STFF).

Agora, pesquisadores da Universidade de Leiden passaram a afirmar que a monocorionicidade pode afetar alguns desses bebês também no longo prazo. A publicação em The Lancet Child & Adolescent Health conta que a hipótese dos pesquisadores é que diferenças no suprimento sanguíneo entre os gêmeos suficientemente relevantes para provocar disparidade no crescimento poderiam causar diferenças de longo prazo no desenvolvimento. Aqui se fala em um grau de desvio do fluxo placentário menor e menos agudo que o visto na STFF.

A STFF se mostra agudamente durante o período gestacional e pode levar à morte de um ou ambos os fetos ainda intraútero. Por outro lado, o compartilhamento da placenta pode levar a desvios de fluxo mais tênues, produzindo um diferencial de crescimento que não deveria ocorrer entre genéticas idênticas com as mesmas condições nutricionais. O estudo avaliou 48 pares de gêmeos idênticos com idades entre 4 e 17 anos e em cujas gestações monocoriônicas e diamnióticas foi documentado diferencial de crescimento.

Todos os participantes nasceram no Centro Médico da Universidade de Leiden (LUMC) e acompanhados no Hospital Infantil Willem-Alexander (WAKZ), unidade de referência em gestações monocoriônicas. Os participantes foram submetidos a testes de função motora e quociente de inteligência (QI) adequados para cada idade e houve cruzamento dos dados entre os gêmeos de um mesmo par.

Ao final, os dados de 47 pares de gêmeos nascidos com idade gestacional média de 33,9 semanas e avaliados com idade média de 11 anos mostraram consistente déficit do gêmeo com menor peso ao nascimento em relação ao gêmeo de maior peso. Inclusive, uma proporção maior dos gêmeos menores (36%) foi diagnosticada com comprometimento leve do neurodesenvolvimento (NDI) em comparação a seus pares maiores (11%). Não houve diferença na proporção de NDI grave entre os grupos.

Segundo os autores, o estudo é o primeiro a comprovar comprometimento de longo prazo resultante deste tipo de condição em gestações gemelares monocoriônicas e ajudará a melhor compreensão e tratamento dessas crianças.

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Fonte: https://www.thelancet.com/journals/lanchi/article/PIIS2352-4642(22)00159-6/fulltext

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