Estudo desvenda o mecanismo por trás da maior resistência das células de câncer de pulmão

Por Docmedia

21 março 2024

A fumaça do cigarro contém compostos cancerígenos, como hidrocarbonetos e espécies reativas de oxigênio e nitrogênio, danificando as células, inclusive induzindo dano ao DNA e o surgimento de câncer de pulmão.

Curiosamente, pesquisadores da Penn State University descobriram que essas mesmas células cancerígenas no pulmão se mostram muito mais resistentes aos danos causados pela fumaça do cigarro que as células pulmonares sadias. Além disso, o mesmo mecanismo que promove essa maior resistência pode estar relacionado à resistência dessas células ao tratamento do câncer.

A publicação do grupo na revista PLOS ONE conta que um importante mecanismo de dano celular provocado pelas toxinas da fumaça do cigarro é o mau dobramento de proteínas. Essas proteínas mal dobradas, por sua vez, tendem a formar agregados intracelulares que interrompem as diferentes funções celulares, promovendo disfuncionalidade e, posteriormente, a morte celular.

Os pesquisadores iniciaram o estudo cultivando células pulmonares sadias e cancerígenas. Essas células foram expostas a diferentes níveis de toxinas da fumaça do cigarro e suas reações foram observadas. Após 24 horas de exposição, foi constatado que as células cancerígenas apresentavam níveis muito mais baixos de agregados proteicos que as células sadias.

Surpreendentemente, as células cancerígenas sobreviveram 7 dias sendo expostas a crescentes taxas de toxinas da fumaça do cigarro, exibindo uma resistência cerca de 10 vezes maior que as células sadias. Para entender o mecanismo por trás desse fenômeno, os pesquisadores se concentraram em uma proteína que, diferentemente das células sadias, é altamente expressa nas células cancerígenas, a ABCG2.

Digno de nota que a ABCG2 é uma proteína que funciona como um canal que permite o bombeamento de substâncias através da membrana celular. A primeira manifestação nesse sentido percebida pela equipe foi que as células cancerígenas não eram coradas com um corante fluorescente utilizado no estudo justamente porque ABCG2 bombeava o corante para fora da célula.

Para avaliar o papel de ABCG2 na maior resistência das células cancerígenas, os pesquisadores bloquearam geneticamente (interferência de RNA) ou farmacologicamente a função ABCG2, neste último caso utilizando o medicamento anti-gota febuxostat. Em ambos os casos, as células cancerígenas passaram a mostrar maiores níveis de agregados protéicos intracelulares com a inibição ABCG2.

Segundo os autores, o tema é importante porque a atividade ABCG2 e de outros canais com função similar têm sido implicadas no desenvolvimento dos cânceres aos medicamentos, presumivelmente bombeando essas moléculas para fora da célula.

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Fonte: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0297661

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